Agricultores familiares do noroeste de Minas Gerais investem em orgânicos

Ações da Fundação Banco do Brasil e parceiros vão transformar vida de agricultores familiares de João Pinheiro, Lagoa Grande, Paracatu e Unaí

Brasília, 17 – Cerca de 450 agricultores familiares de quatro municípios do noroeste de Minas Gerais vão investir na agricultura orgânica, por meio da reaplicação da Produção Agroecológica Integrada Sustentável (Pais). Paulo Manoel de Andrade, 39 anos, produtor de Lagoa Grande, e Lázaro Coelho Guimarães, 59, de João Pinheiro, são dois deles. Ontem (16), eles participaram do lançamento do programa na cidade de João Pinheiro/MG, distante 402km de Belo Horizonte. O evento foi realizado, na tarde do mesmo dia, também na cidade de Paracatu.

Resultado de parceria entre a Fundação Banco do Brasil, o Ministério da Ciência e Tecnologia e a Associação de Apoio à Agricultura Familiar (Alfa), os eventos deram início à montagem de 90 unidades do Pais, nas cidades de João Pinheiro, Lagoa Grande, Paracatu e Unaí. O convênio tem a participação das Prefeituras de João Pinheiro e Paracatu. Nesta última, a parceria tem, ainda, o apoio do Galpão do Produtor.

Lázaro tem uma área com 26 hectares, nos quais produz galinhas e doces. Apesar de ainda não conhecer a nova tecnologia social, tem grandes expectativas. Há quatro anos, é parceira da Alfa e está empolgado com o projeto. “Quero diversificar minha produção, aproveitando o Pais para melhorar minha renda”, afirma.

Paulo e a companheira Vera Lúcia Reis, 44, são agricultores familiares há cinco anos. Plantam couve, alface e cheiro verde para vender. Conheceram o Pais por meio da Alfa. Apostaram na nova tecnologia e é deles a primeira unidade criada em João Pinheiro, em área da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB). Vera diz que pretendem se especializar na agricultura orgânica e até já fizeram planos para o quintal agroecológico que integra o Pais: cultivar amoras, goiabas e maracujás.

Contraponto - Durante o lançamento do Pais em João Pinheiro e Paracatu, o presidente da Fundação Banco do Brasil, Jacques Pena, foi enfático: “A desigualdade brasileira é fruto da concentração de renda, da concentração de terra e da concentração da propriedade e o Pais é um contraponto a essas desigualdades, pois permite que homens e mulheres vivam com dignidade das coisas do campo”. Ele revelou que a meta da instituição é criar mais 7 mil unidades até 2010, passando das atuais 3 mil para 10 mil unidades do projeto.

Com 2.774 unidades instaladas em todo o país, o Pais tem como pilares a horta em formato circular, a irrigação por gotejamento e um galinheiro para fornecimento de adubo orgânico. A simplicidade da idéia é o que garante a sustentabilidade do projeto, já implantado em 42 municípios de 14 estados brasileiros (ES, BA, GO, MG, PB, PI, RN, SE, AL, CE, MS, PE, RO, RJ).

A reaplicação da tecnologia social no noroeste mineiro recebeu investimentos sociais da Fundação Banco do Brasil de R$ 418 mil. A Alfa, parceira da instituição no noroeste mineiro, foi criada em 2004 para permitir o acesso de agricultores familiares a políticas públicas do Governo Federal. A organização trabalha em várias frentes: valorização de sementes crioulas, incentivo à ovinocaprinocultura, à avicultura, à horticultura e à agroindústria e também apoio a iniciativas da economia solidária, feiras livres e ações de inclusão digital.

Regras do Pais são simples e eficazes

Para alcançar bons resultados, as regras são bastante claras na aplicação da tecnologia social Pais: respeitar o meio ambiente, a vida, os hábitos e os costumes da população local, e garantir a sustentabilidade das comunidades participantes.

Alguns cuidados devem ser tomados para a implantação do Pais. A primeira etapa é escolher um terreno com pouca ou nenhuma declividade. O ideal é que o espaço seja protegido do vento e o mais próximo possível de uma fonte de água. É importante, também, que receba luz do sol na maior parte do dia.

Na parte central do empreendimento, deverá ser construído um galinheiro circular com capacidade para 11 aves. Os canteiros devem ser preparados em forma circular, com largura de 1,20 metro e distância de 50 centímetros entre eles. Além disso, o preparo do solo dos canteiros deverá ser enriquecido com matéria orgânica.