Definidos vencedores do concurso Aprender e Ensinar Tecnologias Sociais

Promovido pela Fundação Banco do Brasil e Revista Fórum, prêmio teve a participação de 2.640 professores brasileiros

Brasília, 17 – Doreni Guimarães Tasso, Edinalva Santos Oliveira, Rozenilda de Souza, Dulce Rodrigues Oliveira e Edner Abelini. Estes são os cinco professores brasileiros vencedores do Concurso Aprender e Ensinar Tecnologias Sociais, promovido pela Fundação Banco do Brasil e a Revista Fórum.

Os professores ganharam, como prêmio, a participação no Fórum Social Mundial Amazônico, em janeiro de 2009, em Belém/PA. Além disso, participarão de uma oficina sobre tecnologia social.

Para a escolha dos premiados, foram levados em conta cinco critérios: clareza do conceito de tecnologia social, envolvimento da comunidade, interdisciplinaridade, exeqüibilidade e reaplicabilidade em outras escolas.
Saiba mais sobre cada um dos projetos vencedores.

Centro-Oeste
Doreni Ricartes Guimarães Tasso
50 anos, de Campo Grande (MS), professora do Centro Estadual de Atendimento ao Deficiente da Audiocomunicação (Ceada)

Doreni até se assustou quando viu, em sua caixa de correio eletrônico, que era uma das vencedoras do concurso. “Meu filho também vai ao Fórum Social Mundial e, quando soube da notícia falei para ele: Agora eu também vou! Ela promete que vai se interar das oficinas que serão oferecidas para poder participar e trocar idéias.
Doreni já reaplica sua idéia em sala de aula. Sua proposta é dar visibilidade aos surdos, que são invisíveis para muitas pessoas e, por isso, seus trabalhos não são conhecidos. “Até na própria comunidade, tive dificuldade para levar as pessoas às apresentações teatrais, por exemplo. Por isso, precisamos mostrar o que eles podem fazer e que são competentes”, defende.

Além disso, ela crê que é preciso divulgar mais o conceito. “Quando você fala em Tecnologias Sociais, as pessoas perguntam 'o que é isso?'”, conta.

O trabalho - É preciso dar visibilidade à comunidade surda. Como? Mostrando que existe uma cultura surda. A proposta de Doreni parte do pressuposto de os educandos surdos não podem mais serem vistos como “deficientes” e “coitadinhos”.

Como um surdo disse a Doreni, certa vez: “deficiência talvez todos tenhamos uma, um usa óculos, outro usa prótese e eu sou surdo e não posso ouvir”. Então, Doreni percebeu que eles precisavam se mostrar à sociedade para que ela os conheça melhor e os veja de forma diferente. “Observei que quando tínhamos algum evento fora da escola era grande o número de alunos que faltavam. Comecei, então, a conversar com as mães, mostrando que elas tinham que levar seus filhos para se apresentarem. Como as pessoas poderiam conhecer o potencial deles se eles não se mostravam?”, perguntava Doreni.

Nordeste
Edinalva Pinheiro dos Santos Oliveira
45 anos, de Arapiraca (AL), professora da Escola de Ensino Fundamental Benjamin Felisberto da Silva

Edinalva soube do concurso por meio de uma mensagem eletrônica.

“Eu tinha certeza que o trabalho que desenvolvia na escola ia ajudar a solucionar o problema de saúde das crianças. Os professores reclamavam que não tinha como continuar o trabalho, já que tanto as crianças quanto eles próprios estavam com dificuldade em ter um aprendizado de qualidade, devido a problemas de saúde”, relata.

Por meio de uma parceria com o projeto Amanhã de Arapiraca, que tem o apoio da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), todas as turmas foram levadas, junto com seus professores, a aprender a trabalhar com a produção das mudas fitoterápicas, a criar uma farmácia viva e a processar ervas medicinais.

Edinalva ficou alegre ao saber da premiação. “Tive esperança de poder mostrar às escolas, não apenas da zona rural mas também da urbana, que é possível fazer um trabalho mesmo com crianças tão pequenas”
Ela espera que a solução adotada por sua instituição seja ampliada para outras unidades de ensino, comunidades e prefeituras de todo o país.

Norte
Rozenilda de Souza
34 anos, de Boa Vista (RR), professora da Escola Estadual Profº Jaceguai Reis Cunha

O projeto proposto por Rozenilda leva à sala de aula a discussão sobre as questões ambientais a partir do trabalho de artesãos.

Vinte estudantes da Escola Professor Jaceguai Reis Cunha identificaram, por meio de pesquisas, os maiores agentes poluidores presentes na comunidade. O grupo passou, então, a realizar visitas a centros culturais, museu e exposições artesanais, para conhecer técnicas de produção usadas por artesãos.

Por meio de entrevistas, eles identificaram de que forma os profissionais do setor adquirem a matéria-prima de seus produtos e a sua relação com o meio ambiente. Mediante as observações, organizaram uma oficina na escola para a produção de artigos e objetos que podem ser feito de materiais reutilizáveis, como potes plásticos e vidros e recicláveis (latas, pet e papel).

Sudeste
Dulce Siano Rodrigues Oliveira
40 anos, de Juiz de Fora (MG), professora do Colégio Militar de Juiz de Fora

Dulce soube do concurso por meio de outra professora. “Achei muito interessante a iniciativa da Fundação Banco do Brasil e da Revista Fórum de valorizar uma coisa importante que é o uso da tecnologia social”, declara.

Como ela já desenvolvia um trabalho na área, projeto e concurso se encaixaram e a levaram a inscrever seu projeto. Outro motivo que a levou a inscrever um trabalho foi acreditar que os alunos se sentiriam valorizados em ver um trabalho realizado por eles estar concorrendo.

O projeto de reutilização de óleo de cozinha desenvolvido pela equipe de Dulce começou na própria escola, no restaurante de lá, e depois foi ampliado para os funcionários e para a comunidade do bairro. “Ensinamos as donas de casa interessadas a fazer sabão com o resíduo que muitas vezes elas não sabiam como descartar, apoiados também na idéia de gerar renda por meio da venda do produto”, conta.

A idéia pode ser reaplicada em qualquer escola ou comunidade. A proposta foi bem recebida, porque foi disseminada por meio de um panfleto, pelo boca-a-boca, batendo de porta em porta e utilizando o próprio produto, já que a barra de sabão foi embalada com a receita. “As pessoas gostaram da qualidade e se interessaram em doar o óleo e também em fazer o sabão. Aí, mostramos o perigo de se jogar o óleo no ralo ou no meio ambiente e despertamos a população para a possibilidade de geração de renda”, afirma Dulce.

Quando a professora soube da premiação, viu que estava no caminho certo. Agora, em Belém, pretende conhecer outras experiências. “É uma oportunidade ímpar de conhecer a região e de participar do FSM 2009”, finaliza.

Sul
Edner Abelini
31 anos, de Maringá (PR), professor do Colégio Estadual Adaile Maria Leite

Edner soube do projeto por meio da coordenação do colégio, que recebeu o material de divulgação e conhecia meu trabalho. Percebeu que o concurso se encaixava em suas ações dentro de sala de aula desejou valorizar a idéia de tecnologia social.

A reaplicação de sua proposta está sendo feita desde o início do ano, em feira de ciências e em sala de aula, ao trabalhar o conceito de energia. “Para 2009, tentará trabalhar a questão de forma integrada com outros professores, como o de matemática, o de história, de geografia e de língua portuguesa.

Estava na escola, trabalhando, quando soube da premiação. “Fiquei muito contente, devido ao trabalho do grupo, que atua de forma integrada. Ainda não consegui dimensionar a experiência de participar do FSM 2009, mas será uma experiência muito bacana, um grande aprendizado”, acredita.

Forno solar - A idéia surgiu em aula que tratava do tema energia e transformações energéticas. Ao abordar essas transformações ao nível doméstico, Edner citou a transformação da energia química do gás de cozinha em energia térmica através da combustão e, também, a transformação da energia solar em energia térmica, por meio dos aquecedores solares. Foi nesse momento que um aluno o questionou dizendo que “pobre não tem aquecedor solar”.

Ele, então, sentiu que precisava mudar o foco. “Já que pobre não pode ter aquecedor solar, como ensiná-los que o sol também pode trazer benefícios energéticos para as classes sociais menos privilegiadas?”, pensou.

Sugeriu, em seguida, um trabalho para a feira de ciências sobre o tema do aproveitamento da energia solar. Daí, surgiu a idéia de um forno que utilizasse a energia solar para cozer os alimentos. A partir disso foram feitas pesquisas em literaturas adequadas para a montagem do projeto, que foi exposto na feira do colégio e no evento regional de ciências promovido pela Secretaria de Educação do Paraná.