Mais de 10 mil barraginhas

Tecnologia social, presente no Ceará e em Minas Gerais, será ampliada no Piauí

Brasília, 26 - Elas já são mais de 10 mil unidades em todo o país e já beneficiaram mais 30 mil pessoas direta e indiretamente, nos estados de Minas Gerais e Ceará, desde sua certificação no Prêmio Fundação Banco do Brasil, em 2003. Hoje, o projeto “Barraginhas”, tecnologia social destinada à captação das águas das chuvas, é motivo de comemoração também no Piauí.

Famílias que antes sofriam com as grandes estiagens, encontraram na tecnologia a possibilidade de terem suas vidas transformadas. Essa é a realidade dos municípios de Anísio de Abreu, Caracol, Guaribas, Jurema, Santa Luz, São Lourenço, Cel José Dias e João Costa, nos quais 4 mil agricultores familiares piauienses são atendidos pelo projeto, desde de 2006. Na continuidade do projeto, em 2007, 2008 e 2009, foram contemplados trabalhadores de Acauã, Oeiras, Paes Landim, Paulistana, totalizando 6 mil agricultores familiares.

Apesar do grande volume de chuvas no estado, este ano, os reservatórios não sofreram impactos. Por se tratar de região bastante seca, na qual o volume de água não ultrapassa, normalmente, 600 mm, as barraginhas vêm cumprindo seu papel: combater enxurradas, quebrar a força da água nas nascentes e evitar erosões.

Segundo o diretor presidente da Cooperativa de Produção e Serviços de Técnicos Agrícolas do Piauí e Associados (Cootapi), Francisco Washington Soares, com as barraginhas os agricultores familiares estão tirando proveito da abundância de água, plantando tudo o que podem, para garantir o sustento da família.

“As chuvas representam esperança para os agricultores e as águas, que antes iam embora, hoje são armazenadas nesses miniaçudes, garantindo água boa para o consumo e possibilitando o cultivo de mais milho, feijão, melancia, abóbora e hortaliças”, diz o gestor da entidade, ligada ao Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido.

Técnica simples – Para a construção das barraginhas, são escavadas bacias com aproximadamente 16 m de diâmetro e 1,8 m de profundidade. Como um mini-açude, a bacia armazena a água das chuvas e contêm as enxurradas, evitando as erosões e as enchentes. Gradativamente, as águas armazenadas vão se infiltrando no solo e, como consequência, o nível do lençol freático fica mais elevado. Com as baixadas mais úmidas, as águas voltam a brotar no chão. Além de recuperar o nível d'água dos lençóis freáticos, a técnica combate danos ambientais.

Para o criador da tecnologia, professor Luciano Cordoval, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Milho e Sorgo) de Sete Lagoas (MG), o fato de ter desenvolvido uma tecnologia, simples e eficaz, e ver que as pessoas estão utilizando a idéia é recompensador. “Tenho o sentimento de dever cumprido”, diz.
São parceiros da Fundação BB no estado do Piauí na execução do projeto, Cootapi, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Associação de Agricultores Familiares do Estado do Piauí, prefeituras, igrejas além do Governo do Estado.

A Fundação Banco do Brasil já investiu mais de R$ 2,5 milhões no projeto.