| Mãos que bordam e cozem frutos da terra
Projeto contribui para melhorar qualidade de vida da comunidade, gerando trabalho e renda
Brasília, 30 - Mulher esperta e privilegiada. É assim que Lindaura Carvalho da Silva, 71 anos, se autodefine. Presidente da Associação das Donas de Casa Rurais de Chapadinha e Circunvizinhas, em Brazlândia, cidade-satálite do Distrito Federal, ela não mede forças para ajudar quem precisa. E isso, há mais de vinte anos.
Em 1984, com a ajuda de outras mulheres da comunidade, resolveu montar uma creche, que chegou a atender 40 crianças durante cinco anos. "Começamos numa sala emprestada pela Associação dos Trabalhadores Rurais, com ajuda da Legião Brasileira de Assistência (LBA). Depois que o órgão foi extinto, fomos obrigadas a fechar as portas, para desespero das mães", conta.
Mas Lindaura não desistiu. Depois de muita luta e com a ajuda das companheiras fundou, em 1989, a Associação das Donas de Casa Rurais de Chapadinha e Circunvizinhas para desenvolver atividades socioculturais com as mulheres da região. No início, a associação contava com dez integrantes e logo ganhou uma sede, construída com a colaboração de um empresário da construção civil que doou o material necessário. Hoje, já são 40 associadas, entre 25 e 70 anos.
A antiga creche não voltou a funcionar, mas, em breve, será substituída por uma brinquedoteca. "Nossa intenção é abrigar as crianças no turno contrário ao da escola para que as mães possam trabalhar com tranqüilidade", esclarece Lindaura.
Artesanato em tecido - Atualmente, o carro-chefe da associação é o projeto Mãos que Bordam e Cozem Frutos da Terra, que busca contribuir com a melhoria da qualidade de vida da comunidade por meio da geração de trabalho e renda.
O trabalho consiste na produção de artesanato em tecido. Tapetes, roupas, bolsas, panos de prato e outros acessórios são confeccionados com retalhos doados por comerciantes da região e, das mãos que bordam, ganham detalhes especiais e coloridos que enchem os olhos dos compradores.
A produção é comercializada em uma feira realizada semanalmente na Praça do Laço, em Brazlândia, e também no povoado Incra 6, em um espaço cedido pela administração da cidade. As vendas são feitas por encomenda e a renda de cada uma das 40 artesãs chega a R$ 150 por mês.
Além dos bordados, as mulheres estão investindo na culinária. Um prato muito apreciado no Cerrado, a galinhada, mistura bem temperada de arroz e frango, tem garantido uma renda extra, que é revertida para a associação.
Com investimentos sociais da Fundação Banco do Brasil, o trabalho da Associação das Donas de Casa Rurais de Chapadinha e Circunvizinhas será incrementado.
Investimentos - No âmbito das iniciativas de geração de trabalho e renda, a instituição destinou cerca de R$ 91 mil para serem utilizados na reforma da sede da associação e na compra de equipamentos. Também há planos para a construção de um galpão, no qual funcionarão uma padaria comunitária e uma cozinha multiuso.
"Com a cozinha, poderemos investir no processamento dos frutos da terra. Nossa meta é fabricar geléias e conservas a partir da produção da horta orgânica que vamos implantar para aproveitar os 15 hectares que rodeiam a associação", planeja a presidente.
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