O paraíso iluminado

Localizada em Paraty, no Rio de Janeiro, está a paradisíaca Praia do Sono, onde há mais de 200 anos, antigos navegantes paravam na ilha enquanto esperavam melhorar as condições do mar bravio para atracar no porto. O nome define um lugar calmo, pouco explorado, com águas transparentes, convidativas para esquecer o estresse da cidade grande e relaxar.

Protegida pela natureza da reserva ecológica da Juatinga, lá 113 famílias caiçaras sobrevivem da pesca e do turismo realizado, há muito, por jovens mochileiros e estrangeiros em busca de tranquilidade de um lugar como “o Sono”, forma diminutiva pelo qual a localidade é chamada, carinhosamente, por seus moradores e visitantes. O acesso à praia é feito por uma trilha de 50 minutos de caminhada ou de barco, travessia que dura cerca de 20 minutos.

Para os moradores que desfrutam deste local de rara beleza, a falta de energia elétrica trazia grandes transtornos na vida diária. Era difícil carregar uma simples bateria de celular, fazer uma nebulização ou conservar os alimentos. Fora a escuridão da noite, que os impedia de ter opções de lazer, aulas noturnas, vida cultural e principalmente oferecer aos turistas lanches e iluminação básica nos banheiros dos campings existentes no local.

Mas em dezembro de 2009, a Praia do Sono iniciou uma nova fase com a chegada da energia elétrica, por intermédio do Programa Luz para Todos. Comemorado pelos moradores, o recurso vai ajudar no desenvolvimento e mudar a vida da comunidade. “Um sonho realizado! Só queremos ter um pouco de estrutura e conforto, mas vamos manter nossa cultura”, diz a líder dos caiçaras, Leila Conceição.

Toda a obra recebeu um cuidado especial de respeito ao meio ambiente. Fez-se a catalogação das espécies de árvores existentes na região e a rede foi feita acompanhando a trilha já existente, evitando o corte da mata, até chegar à comunidade e, assim, realizar as ligações dos nativos.

Antes da eletricidade a maior parte da população utilizava velas durante a noite e cada família gastava cerca de vinte pacotes por mês. Além disso, como a comunidade vive basicamente da pesca, sua principal dificuldade sempre foi a conservação dos peixes e das lulas, já que era preciso comprar muitas pedras de gelo, para mantê-los resfriados.

A chegada da energia já mudou a realidade local. Além do fim do barulho do gerador, o cheiro do óleo diesel foi substituído pelo cheiro da natureza. Os cinco campings que existem na comunidade e os quatro bares agora podem oferecer uma estrutura melhor. Para Argeu de Castro, 66 anos, dono de um bar e de um camping, a chegada da energia foi essencial. “Meu negócio é de onde tiro o meu sustento e de meus filhos. Sem energia, não tinha como oferecer uma bebida gelada para os turistas e o que comíamos no almoço não podia ser aproveitado depois. A luz melhorou o atendimento aos clientes”, explica.

Por toda a Praia do Sono só se fala na energia. Benefícios de sua chegada poderiam ser enumerados infinitamente pela população. Afinal, só quem viveu quase toda a vida sem energia elétrica pode explicar o milagre que é acionar uma lâmpada com um simples toque no interruptor. O morador mais antigo da localidade, Nilo Albino, de 89 anos, se emociona ao falar da eletricidade em casa. “O sonho de ver minha casa com energia se realizou, achei que isso nunca iria acontecer”, diz.

E as expectativas da comunidade em torno da energia elétrica não param. O próximo passo será a construção de um posto de saúde e a possibilidade de a escola oferecer a continuação do ensino fundamental para a comunidade através de um telecentro. Mas a caiçara Leila Conceição deixa bem claro que os moradores querem preservar sua identidade. “A praia e a rua vão continuar sem energia”, explica.

A bióloga Juliana Coutinho freqüenta a Praia do sono há 11 anos. Ela acompanhou a expectativa da chegada da energia. “Fico feliz por eles. Me preocupo para que eles não percam sua identidade, mas sei que eles pretendem continuar com os papos em volta da fogueira durante a noite”, diz. Se depender do presidente da Associação de Moradores, Geasy Araújo, eles não vão perder as raízes. “A luz chegou porque precisamos dela para ter o mínimo conforto, mas nossa tradição vai continuar”.

A alegria contagiante da comunidade leva a crer que os sonhos dos caiçaras em ter energia elétrica para desfrutar do conforto e suprir as necessidades, também serão no sentido de usar essa energia para melhorar a educação dos jovens e levar desenvolvimento social e econômico para a localidade, mantendo sua maior herança, os valores deixados por seus ancestrais.


 
 

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