Uma história de luta e conquistas

Famílias remanescentes de escravos vivem em quilombo no centro de Canoas, Rio Grande do Sul, mantêm as tradições e dão exemplo de sustentabilidade


Fotos: Bruno Spada/MDS  

Foto Esquerda: Remanescentes de escravos têm o artesanato como uma fonte de renda
Foto Centro: Local que serviu de esconderijo para escravos sobrevive no centro de Canoas
Foto Direita: Antônio mantém horta regada com água da chuva

Canoas, 6 – Difícil imaginar que uma área que já serviu de esconderijo para os escravos ainda no período colonial tenha resistido há quase 300 anos de história. O quilombo Chácara das Rosas, um terreno de aproximadamente 3 mil metros quadrados, num bairro de classe média, no centro de Canoas, guarda histórias, tradições e exemplos de luta e conquistas. As famílias que não cederam às pressões do mercado imobiliário receberam o título da terra e agora têm a garantia de que o lugar será preservado.

As portas da associação de moradores estão sempre abertas à comunidade. Na sala, as crianças fazem a lição de casa com a ajuda de duas professoras voluntárias, têm aulas de reforço e curso de leitura. As refeições também são preparadas e servidas na associação. Os alimentos, na maioria das vezes, são colhidos no local.

Antonio de Jesus tem 64 anos e nunca deixou o quilombo. O tio Tonho, como é conhecido, aproveita todo o espaço possível para cultivar verduras e hortaliças. É dali que ele tira o próprio sustento e ainda ajuda os vizinhos. A irrigação é feita com água da chuva que ele recolhe através de um sistema de calhas no telhado e armazena em galões. Tio Tonho mostra com orgulho o resultado do sistema que ele mesmo inventou: “Aqui, eu não perco uma gota de água. Antes, a gente não tinha água encanada, mas agora só porque temos torneira em casa não significa que a gente pode desperdiçar.” É essa a lição que ele passa para a criançada que o ajuda a manter a plantação.

O artesanato também é fonte de renda e orgulho para a comunidade quilombola. Os restos de tecido são transformados em colares e cachecóis, têm marca registrada e são vendidos em lojas chiques da cidade. “Isso é mais uma conquista,” diz Neuza, uma das moradoras do quilombo. Ela tem 39 anos e nasceu na Chácara das Rosas. Teve dias difíceis, mas viu a chegada da água, da luz e agora acompanha a abertura de uma unidade móvel do Centro de Referência de Assistência Social (Cras).

O centro vai oferecer assistência social e psicológica às famílias e orientação jurídica para quem precisa obter documentos como carteira de identidade e de trabalho. Hoje, todas as famílias que vivem no Quilombo Chácara das Rosas estão no cadastro único da assistência social e recebem o Bolsa Família. Em breve as famílias do quilombo devem ganhar novas casas. A comunidade segue rumo ao futuro sem esquecer a história que tornou possível o presente.

Flávio Figueiredo

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