Programa do MDS ajudará a amenizar falta de água nas áreas rurais do Paraguai

 

Fotos: Ana Nascimento/MDS  
Luiz Eleutério de Souza mostra sua cisterna à delegação do Paraguai. Os assessores do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e da ASA mostram cisterna aos engenheiros paraguaios, Jorge Vázquez (e) e Roberto Acosta.

 

Brasília, 9 - A população rural que vive na região ocidental (Chaco) do Paraguai será beneficiada com a experiência brasileira de captação de águas de chuva para o consumo, o programa Cisternas do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). A implantação faz parte de uma cooperação internacional do governo brasileiro. Serão implantadas inicialmente 50 cisternas naquela região, que tem os mesmos problemas de recursos hídricos do Semiárido do Brasil.

A cooperação está na fase de visitas técnicas. Nos dias 5 e 6 de agosto dois engenheiros do Ministério da Saúde do Paraguai estiveram em Pernambuco, onde conheceram o programa desde a fase da mobilização social das comunidades e entidades até a visita às famílias rurais beneficiadas com as Cisternas.
A visita começou na sede da Articulação no Semiárido (ASA), em Recife, parceira do MDS na execução do programa e uma das idealizadoras da implantação das Cisternas. Os paraguaios conheceram como a participação da sociedade civil no processo de implantação do programa é importante. “A criação de comissões municipais para gerenciar o programa é fundamental para o sucesso da ação”, disse o coordenador do Programa Um milhão de Cisternas, Jean Carlos.

Com recursos do MDS, a ASA já implantou 296 mil cisternas em 1.076 municípios. Jean Carlos avalia que o programa tem contribuído muito para melhorar a convivência das famílias com o Semiárido e diz que as pessoas não perdem mais 36 dias do ano em busca de água porque agora têm água no quintal da casa.

Essa mudança na qualidade de vida é melhor explicada pelo agricultor Luis Eleutério de Souza, 60 anos, morador na comunidade de Queimadas, em Cumaru, região do agreste de Pernambuco, uma das famílias visitadas. Há sete anos ele tem cisternas de placas em casa, que armazenam 16 mil litros de água.

“Acordava 5 horas da manhã e caminhava até 6 quilômetros para buscar água em barreiros. Hoje esse tempo ganho eu dedico mais à minha produção”, conta ele. Além do milho, feijão, abóbora e leite Luis passou também a produzir mel, doces e queijos.

O engenheiro hídrico paraguaio Roberto Acosta ficou impressionado com a experiência brasileira e as mudanças na vida das famílias. “Essa região é muito semelhante ao Paraguai. Observamos que é preciso um trabalho de capacitação e envolvimento da própria da comunidade beneficiada para a implantação das cisternas e essas famílias têm feito isso”.

A chefe da Assessoria Internacional do MDS, Gabriela Geraldes Bastos, explica a próxima fase da cooperação: “Agora será a vez dos técnicos brasileiros irem ao Paraguai para identificar a região onde serão implantadas as cisternas”. O Brasil vai capacitar e dar acompanhamento técnico a pedreiros e gerentes dos projetos.

Cisternas - O programa do MDS investe na construção de cisternas de placas para o consumo humano e de produção, destinada ao apoio à agricultura familiar. A cisterna de placa é também chamada de primeira água, pois é a que serve para o consumo das famílias. São construídas com placas de cimento por meio de tecnologia popular que capta a água das chuvas. O tanque permite armazenar 16 mil litros, o suficiente para o uso de uma de cinco pessoas durante o período da seca, que pode durar até oito meses. A outra é chamada de segunda água com capacidade de até 50 mil litros para a produção de alimentos.

Desde o início do programa, em 2003, o MDS já apoiou a construção de 296 mil cisternas, atendendo a 1,3 milhão de pessoas na região do Semiárido. Para 2010 está previsto o investimento de R$ 119 milhões na construção de mais 70 mil cisternas.

Dimas Ximenes

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