Paraíba dá o exemplo de utilização dos recursos naturais para o progresso

Juliana Nunes


Os projetos desenvolvidos por 14 municípios que compõem o Consórcio de Segurança Alimentar e Desenvolvimento Local (Consad) Litoral Norte Paraibano estão trazendo esperança, com geração de trabalho e renda

Além dos altos e robustos coqueiros, característica marcante dos Estados nordestinos, o litoral norte paraibano destaca-se também pela presença de centenas de cajueiros que contribuem para o colorido da paisagem. Pensando em aproveitar esse recurso natural abundante na região, o governo federal, em parceria com Prefeituras e sociedade civil, desenvolveu um projeto inovador: as Unidades de Beneficiamento da Castanha de Caju. O objetivo é eliminar a insegurança alimentar e nutricional, criando alternativas de geração de trabalho e renda

Os municípios de Pedro Régis, Araçagi e Mataraca ganharam seis galpões com capacidade para 500 aves, cada um.

para famílias abaixo da linha de pobreza de 14 municípios que fazem parte do Consórcio de Segurança Alimentar e Desenvolvimento Local (Consad) Litoral Norte Paraibano - projeto do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).

A idéia é melhorar o padrão de qualidade da castanha de caju para que ela possa ser comercializada em larga escala. Para garantir o sucesso do produto junto ao mercado consumidor, a castanha não será assada, e sim cozida, o que proporcionará um produto 100% aproveitado, de aspecto melhor e mais aceito na comercialização.

No mês de novembro, três unidades de Beneficiamento da Castanha de Caju foram inauguradas pelo então secretário nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social, Onaur Ruano, nos municípios de Itapororoca, Lucena e Mataraca, todos na Paraíba. As unidades equipadas com maquinário que vão beneficiar 10 famílias de agricultores, em cada uma delas, são motivo de orgulho para as comunidades contempladas.

Renda Extra -
A comunidade de Curralinho, na zona rural do município de Itapororoca, onde funcionará uma das unidades inauguradas, tem cerca de 200 habitantes, que sobrevivem do cultivo de abacaxi, inhame, milho, feijão e mandioca. Para o presidente da Associação dos Moradores Rurais de Curralinho, Valdeci João da Silva, a implantação do projeto foi uma excelente surpresa, que proporcionará aos membros da comunidade não só uma renda extra, como também uma nova perspectiva de trabalho. Valdeci, que participou com os beneficiados do curso de capacitação, acrescenta que será responsável por estimular os participantes a trabalhar com afinco para conseguir bons resultados. “Vou lembrá-los sempre que se o projeto der certo, eles terão mais um produto para incluir na alimentação, além de melhorar a condição financeira da família e da comunidade.”

A animação não se restringe apenas ao líder comunitário. O agricultor Arivaldo Gomes, de 30 anos, também vislumbra um futuro promissor a ser traçado a partir do projeto. “Não sei qual será o meu trabalho. O que eu posso garantir é que vou realizar um trabalho tão bem feito que com certeza a castanha será muito valorizada após o tratamento que receberá aqui”, antecipa. Gomes acredita que a atividade da castanha veio para somar, já que o rendimento obtido com o cultivo do abacaxi e do inhame não é suficiente para garantir o sustento da família. A vida corrida que o agricultor terá daqui para frente não chega a assustá-lo. Além disso, o agricultor sabe que o líder comunitário Valdeci está sempre a postos para dar uma injeção de ânimo naqueles que precisam. “Ele batalha com tanta garra para que possamos ter uma vida melhor que a palavra desânimo não existe por aqui. Ele é o nosso grande guia”, assegura Arivaldo.

A avicultura alternativa de corte e a avicultura alternativa de postura (produção de ovos) são outros dois projetos que também devem resultar em mais empregos e geração de renda aos agricultores familiares dos municípios de Pedro Régis, Araçagi e Mataraca. Para cuidar das aves que serão vendidas para corte após atingir determinado peso, e das que serão destinadas à produção de ovos, os três municípios ganharam seis galpões com capacidade para 500 aves, cada um, onde trabalharão 14 pessoas, que se revezarão dia e noite, para acompanhamento contínuo do processo.

Aos 32 anos e com dois filhos, Maria da Conceição Silvino dos Santos está entre os beneficiários do Programa Bolsa Família - executado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - escolhidos para participar do projeto na zona rural de Mataraca. Após cumprir os requisitos para a inclusão no projeto, a jovem mãe, que não consegue emprego há muito tempo, mal esconde a ansiedade. “Vou poder ajudar no orçamento familiar, terminar a construção da minha casa e planejar um futuro melhor para as crianças. E tudo isso será feito com muita diversão, já que trabalharei entre amigas que têm o mesmo objetivo que eu: progredir na vida”, comemora. De acordo com a beneficiária, a chegada do projeto trará não só benefícios materiais, mas também uma dose extra de ânimo para a população que não acreditava em mudanças na região. “Daqui pra frente, a nossa cidade vai se desenvolver cada vez mais e assim como as minhas amigas, fico feliz por fazer parte desta história”.

O capacitador desse projeto, Antônio Alves, concorda com Maria da Conceição e garante que fará o possível para que tudo corra conforme o planejado. “O meu sonho é que as pessoas possam viver no campo com dignidade e qualidade de vida, e não precisem ir para as grandes cidades, enfrentar dificuldades por lá. Por isso, darei o máximo de mim nesta empreitada.”

Durante os discursos de inauguração, o então secretário Onaur Ruano reiterou a importância de parcerias para o sucesso do projeto. “Eu sempre digo que o governo federal, os governos estaduais, municipais, a sociedade civil organizada, as cooperativas e as associações sozinhas não conseguem fazer política pública eficiente. No entanto, quando há a articulação desses agentes e recursos disponíveis, aí sim, a política pública de fato acontece.”

Consads - Os Consórcios de Segurança Alimentar e Desenvolvimento Local (Consads) são arranjos territoriais institucionalmente formalizados, envolvendo um número definido de municípios, que juntos desenvolvem ações e projetos de segurança alimentar e nutricional com o objetivo de gerar trabalho e renda para a população, melhorando, assim, a qualidade de vida.

Organizados em associações civis sem fins lucrativos, os Consads são compostos por 1/3 de representantes do poder público e 2/3 de representantes da sociedade civil de cada município participante. Atualmente, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome apóia a implantação de projetos de combate à pobreza relacionada a sistemas agroalimentares em 40 Consads de todo o País, beneficiando 580 cidades e mais de 11,2 milhões de pessoas, direta ou indiretamente.

Consad Litoral Norte Paraibano - O Consad Litoral Norte Paraibano existe há quatro anos e é composto por 14 cidades da região da Zona da Mata do Estado: Araçagi; Baía da Traição; Capim; Cuité de Mamanguape; Curral de Cima; Itapororoca; Jacaraú; Lucena; Mamamguape; Marcação; Mataraca; Pedro Régis; Rio Tinto e Lagoa de Dentro. Só neste Consad, o MDS investiu até agora R$ 1,4 milhão em diversas ações, beneficiando uma população superior a 173,2 mil pessoas.

De acordo com a vice-presidente do Consad, Márcia Dornelles, 70% do sucesso das ações estão no estreitamento da relação entre os membros do Consad e a população. “A gente ouve os agricultores para identificar as necessidades deles e desenvolver projetos efetivos. Depois, capacitamos o pessoal, fornecemos ferramentas de trabalho e damos suporte para que, assim que possível, eles se tornem atores principais de suas vidas.”

No mês de novembro, a Prefeitura de Mamanguape doou ao Consad um terreno de um hectare, às margens da BR 230, para a construção da sede da Administração. Segundo Márcia Dornelles, ter espaço próprio, num local estratégico, com rápido acesso aos 14 municípios, é uma grande vitória do Consórcio. “Estamos, definitivamente, criando raízes aqui na Paraíba a partir do fruto do nosso trabalho”, comemora.

Juliana Nunes

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