Ministério do Desenvolvimento Social destina mais de R$ 8 milhões mensais a grupos excluídos

Bruno Spada


A mineira Luceni Secundina de Oliveira viveu dos 13 aos 20 anos nas ruas de Belo Horizonte (MG). Teve três filhos, se envolveu com drogas e pedia esmola para sobreviver. Hoje,  aos 22 anos, Luceni recebe o Bolsa Família, mora em uma residência do Programa Bolsa Moradia (da Prefeitura) e os filhos estão na escola e na creche. A família é uma das cerca de 20 mil que se encontravam em situação de rua e foram atendidas pelo programa de transferência condicionada de renda do governo federal, executado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).


Desde o segundo semestre de 2006, a Secretaria Nacional de Renda de Cidadania do MDS desenvolve alternativas que possibilitem a inscrição dos grupos mais excluídos da população -  indígenas, moradores de rua ou de áreas remanescentes de quilombos e pessoas resgatadas de trabalhos

Moradores de áreas remanescentes de quilombos também estão sendo incluídos no Programa Bolsa Família

análogos à escravidão, por exemplo -  no Cadastro Único para Programas Sociais do governo federal. O cadastramento exige documentos como registro civil e endereço para acompanhamento das condicionalidades nas áreas de educação e saúde.

Esse esforço partilhado entre MDS, Estados e municípios representou uma transferência superior a R$ 8,2 milhões em novembro para essas populações. Receberam o benefício do Bolsa Família cerca de 20 mil famílias em situação de rua; aproximadamente 3,5 mil famílias resgatadas de trabalho análogo a escravo; mais de 57 mil famílias indígenas e outras 16 mil que moram em áreas remanescentes de quilombos.

           
Para atender famílias de pessoas que são encontradas em situação de trabalho degradante foi necessário um acordo entre o MDS e o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que faz o resgate dos trabalhadores. Com base nas informações do MTE, a secretaria de Renda de Cidadania indica ao gestor municipal do Bolsa Família a relação de pessoas que devem ser cadastradas.

           
No caso do atendimento à população de rua, a gestão do programa e o serviço de assistência social precisam atuar em perfeita sintonia. Isto porque uma família só é cadastrada quando ela já tem como referência uma instituição de acolhimento ligada à assistência social do município. “O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) é o elo de ligação da equipe do programa de transferência de renda com a família”, afirma a secretária nacional de Renda de Cidadania do MDS, Lúcia Modesto.  O contato da equipe de abordagem é fundamental para a continuidade do trabalho. “Um dos nossos desafios é a capacitação da equipe de abordagem para evitar que as famílias localizadas não se afastem”, garante.

Lúcia Modesto  acrescenta que esse trabalho é delicado e exige cuidado, pressupõe uma ação pró-ativa dos municípios. “Essa população não vai atrás dos serviços de educação, saúde ou assistência social. É necessário que as Prefeituras busquem essas famílias”, observa. Lúcia Modesto justifica que a intenção, ao conceder o Bolsa Família, é apoiar essas famílias para que elas saiam da rua. 

A alternativa escolhida por Belo Horizonte foi criar um programa chamado Bolsa Moradia. Na capital mineira, as famílias identificadas pela equipe de assistência social são incluídas no programa municipal e no Bolsa Família. Esse processo facilita o acompanhamento das condicionalidades nas áreas de educação e saúde. No desenho proposto pelo MDS, as famílias passam pelas instituições de acolhimento para fazer refeições, tomar banho e ainda serem encaminhadas aos serviços de saúde.

           
Com casa para morar e renda que garante leite, comida e roupa para as crianças, a mineira Luceni – que ainda está desempregada – conta que já deixou as drogas e agora  voltou a sonhar. Entre seus sonhos, o de  aprender a trabalhar com computadores.

 
Roseli Garcia


Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
Secretaria Nacional de Renda de Cidadania


Situação da Família


Famílias


Valor
(R$)

 


Famílias em situação de rua que recebem o Bolsa Família (dados de julho de 2008)

  

20,4 mil

    

1.7 milhão

 


Famílias resgatadas de trabalho análogo a escravo e atendidas pelo Bolsa Família

   

3,5 mil

       

303,7 mil

 


Famílias indígenas que na folha de pagamento de benefícios de julho de 2008

  
57,8 mil

    

4,9 milhões

 


Famílias de áreas remanescentes de quilombos atendidas

     
16 mil

    
1,3 milhão

 


 

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