Índice de Desenvolvimento da Família (IDF) aponta o nível de vida da população mais pobre e permite priorizar políticas sociais

As principais carências das 17,4 milhões de famílias inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais – base de dados usada pelo Bolsa Família e por outros programas do governo federal – referem-se ao conhecimento e ao acesso ao trabalho. É o que mostra o Índice de Desenvolvimento da Família (IDF), uma radiografia construída pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que pode se transformar numa importante ferramenta para promover a inclusão social da população de baixa renda.

O indicador, que varia de zero a um, traça um mapa em seis dimensões sobre as vulnerabilidades das famílias com renda per capita de até meio salário mínimo ou renda familiar de até três salários. As dimensões abordadas são: composição familiar, acesso ao conhecimento, ao trabalho, disponibilidade de recursos, desenvolvimento infantil e condições habitacionais. Com a média de todos os indicadores chega-se ao IDF por família e por município.

A Secretaria Nacional de Renda de Cidadania do MDS disponibilizou todos os dados, a Estados e municípios, no site do Ministério: www.mds.gov.br. “Com o acesso, os governos terão a oportunidade de priorizar as famílias com menos escolaridade num projeto de qualificação e também em outras ações que poderão ser desenvolvidas segundo o perfil de necessidades de cada uma das famílias”, explica a secretária nacional de Renda de Cidadania, Lúcia Modesto. O nível de escolarização das famílias é uma das principais deficiências da população avaliada. O indicador médio nessa dimensão ficou em 0,36 numa escala que varia de zero a um.

O acesso ao conhecimento só perde para o acesso ao trabalho, que alcançou 0,21. “A principal necessidade dessa população é acesso ao trabalho qualificado”, afirma o pesquisador do Ipea, Ricardo Paes de Barros, que elaborou a metodologia para criação do índice. “Com esse indicador, o município poderá promover políticas para corrigir as deficiências das famílias”, observa o pesquisador. Para ele, o IDF mostrou que a pobreza é igual em qualquer parte do País. Seja em São Paulo, no Rio Grande do Sul ou no Acre os indicadores são semelhantes.

As surpresas positivas ocorreram nas dimensões do desenvolvimento infantil e condições habitacionais, com indicadores de 0,93 e 0,73, respectivamente. “Significa, por exemplo, que as crianças estão mais na escola e muitas fora do trabalho infantil”, avalia Lúcia Modesto. “O IDF aponta o nível de vida da população mais pobre e permite priorizar políticas destinadas a essas famílias”, justifica a secretária responsável pelo Programa Bolsa Família no Ministério do Desenvolvimento Social.

Após conhecer uma mostra do indicador, durante evento em Brasília (DF), a secretária de Assistência Social do Mato Grosso do Sul, Tânia Garib, aprovou o indicador. “Essa ferramenta é o sonho de todos nós. Do município e do Estado. Tantas vezes sonhamos com uma ferramenta desse tipo, que mostre onde tem trabalho infantil, onde falta conhecimento”.

O aplicativo e a base de dados do município estão disponíveis no site do MDS – www.mds.gov.br/bolsafamilia. Na página da Central de Sistemas (aplicações2.mds.gov.br/senarc), deve-se acessar a pasta Base de Dados IDF, em Downloads. Para baixar o arquivo, é preciso aceitar o termo de sigilo das informações do Cadastro Único. Só pode acessar a Central de Sistemas o gestor que tiver a senha específica requerida.

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Roseli Garcia

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