Investimento do MDS no Semiárido vai garantir acesso a água a 45 mil famílias em 2009

A principal novidade será a construção de cisternas em escolas públicas com o objetivo de melhorar a qualidade da educação e garantir a segurança alimentar e nutricional das crianças

Fotos: Leonardo Vieira Nunes / MDS  
Os reservatórios da segunda água - como a barragem subterrânea - são destinados ao apoio à agricultura familiar Em 2009, com apoio financeiro do MDS, serão instalados 104 tanques de pedra no Semiárido brasileiro.


Mais água – para o consumo e para o cultivo de alimentos – chegará aos lares de famílias do Semiárido brasileiro neste ano. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) pretende, em 2009, atender a 45.442 famílias com o programa de Cisternas (primeira água) e os reservatórios para agricultura familiar (segunda água). Além disso, vai iniciar o projeto pioneiro de construção de cisternas em escolas públicas da área rural da Bahia. O investimento total nessas ações será de R$ 89,4 milhões.

Só neste ano, serão implantadas 37 mil cisternas, ao custo de R$ 55,3 milhões. Elas são também chamadas de primeira água, pois o líquido ali armazenado serve o dia-a-dia das famílias, especialmente para o consumo e preparo dos alimentos. As cisternas são construídas com placas de cimento, por meio de tecnologia popular que capta a água das chuvas. Esse tipo de tanque permite armazenar 16 mil litros, o suficiente para o uso de uma família de cinco pessoas durante o período da seca. Dessa forma, os moradores não precisam mais se deslocar por longas distâncias em busca da água encontrada em em açudes, poços e barreiros.

Para a segunda água - destinada ao apoio à agricultura familiar na produção de alimentos para o autoconsumo - a meta em, 2009, é instalar 8.442 reservatórios. Serão 3.827 cisternas calçadão; 395 barragens subterrâneas; 104 tanques de pedras; 208 bombas d´água popular; 500 barraginhas e 600 cisternas de enxurradas. O custo será de R$ 25,1 milhões. Esses reservatórios também usam a tecnologia que capta água da chuva.

Em 2008, o programa cisternas recebeu o investimento de R$ 53 milhões e foram construídas 25 mil unidades. O orçamento para os reservatórios para a agricultura foi de R$ 22,5 milhões para a instalação de 2.512 cisternas, barragens subterrâneas, tanques de pedra ou barraginhas, sendo 592 unidades concluídas no ano passado. Desde 2003, essas ações têm beneficiado 1,1 milhão de pessoas com 219 mil unidades instaladas em 1.125 Municípios

Escolas -
O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, em parceria com o Ministério da Educação, pretende também instalar 86 cisternas em escolas públicas do Semiárido da Bahia. Para isso, serão investidos R$ 1,2 milhão. A iniciativa tem o objetivo de melhorar a garantia da segurança alimentar e nutricional, através do abastecimento da água potável da chuva e da educação ambiental nas escolas. “As cisternas integradas às hortas escolares serão o eixo mobilizador para um projeto pedagógico, junto às crianças, de conscientização ambiental, cidadania, segurança alimentar e convivência com a realidade da região”, explica o diretor da Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, Cesar Medeiros.

Tipos de tecnologias da Segunda Água

Cisterna Calçadão: é semelhante à cisterna para guardar água de beber, sendo bem maior (capacidade de armazenar 52 mil litros de água). É construída com placas de cimento e fica totalmente enterrada no solo, tendo apenas a cobertura acima do terreno. A captação da água da chuva é feita através de um calçadão cimentado com aproximadamente 220m² que serve também para secar raspa de mandioca, forragem para fenação, etc.

Barragem Subterrânea: geralmente é construída em áreas de baixio, veredas e em leitos de riachos. É um barramento de lona plástica, construído dentro do chão, que segura a água da chuva que escorre por baixo da terra. À montante da barragem geralmente é perfurado um poço raso, também chamado cacimbão, que é alimentado pela água acumulada no subsolo da barragem.

Tanque de Pedra ou Caldeirão: é uma tecnologia normalmente utilizada em áreas de serra ou onde existem lajedos, que funcionam como área de captação da água da chuva. São fendas largas, barrocas ou buracos naturais, normalmente de granito que armazenam água da chuva. Para aumentar sua capacidade, são erguidas paredes de alvenaria, na parte mais baixa ou ao redor, que servem como barreira para cumular água.

Barraginhas: O Sistema Barraginhas é um processo de captação de águas superficiais de chuvas e consiste em dotar cada propriedade de uma microrregião e, no conjunto, toda a microbacia, de pequenas barragens ou mini-açudes nos locais em que ocorrem enxurradas volumosas e erosivas, barrando-as e amenizando seus efeitos desastrosos. Numa seqüência de três a cinco barraginhas, construídas sobre um eixo de enxurradas, as superiores esvasiarão rapidamente, transferindo água para as inferiores por infiltração subterrânea. A tendência é que as intermediárias e, principalmente, as inferiores devem se tornar permanentes, possibilitando o armazenamento das águas pluviais para usos múltiplos, especialmente para irrigação de pequenas áreas e consumo dos animais.

Cisternas enxurradas: Também chamada de “cisterna de produção” tem capacidade para armazenar 50 mil litros de água. Esta tecnologia é um tipo de reservatório de água cilíndrico, coberto e enterrado, que permite a captação e armazenamento de águas das chuvas a partir de seu escoamento na forma de enxurradas. Enterrada no chão, a cisterna é construída em placas de concreto, com tamanho de 50 x 60 cm e 3,0 cm de espessura, confeccionadas no local da construção por meio de moldes de madeira ou ferro.

Bombas d água popular (BAP): tecnologia social que beneficia, aproximadamente, 12 famílias. O equipamento é instalado em cima de poços tubulares inativos que podem ter uma profundidade de até 80 metros. A bomba funciona com a ajuda de uma grande roda volante que, quando girada, puxa quantidade considerável de água com pouco esforço físico. Nos poços com profundidade de 40 metros, ela chega a puxar até 1.000 litros de água em 1 hora.

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