Tornar-se milionário, percorrer o mundo em viagens fantásticas ou ter um carro possante. Esses sonhos, comuns a uma parte da juventude, não seduzem o paulista Wellington Henrique Bernardes. Nascido em Bauru, há 19 anos, Wellington não mede esforços para alcançar seu grande objetivo: formar-se em Fisioterapia.
“Quero amenizar o sofrimento das pessoas vítimas de acidentes. Acho a situação delas muito triste”, explica o rapaz, que já concluiu o ensino médio. Mas ele sabe que, até passar no vestibular e completar o curso superior, o caminho é árduo, principalmente, para quem, como ele, nasceu em uma família de baixa renda.
Wellington mora com a mãe e um irmão. A luta para manter a casa é diária, e emprego é difícil para os que têm pouca ou nenhuma experiência. Ciente disso, o jovem decidiu procurar meios para aumentar as suas chances de entrar no mercado de trabalho e garantir o dinheiro da faculdade. Soube, então, de um programa desenvolvido pela Secretaria do Bem-Estar Social de Bauru (SP) - o Serviço de Preparação para o Primeiro Emprego.
O serviço é oferecido nos seis Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) – equipamentos públicos cofinanciados pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). O serviço atende, atualmente, 1.290 jovens de 15 a 18 anos. A iniciativa vem apresentando resultados positivos, com uma proposta de formação integral dos jovens, propiciando o desenvolvimento de suas habilidades básicas e de gestão e dando-lhes confiança para competir em iguais condições na busca de emprego.
Foi no CRAS Jardim de Ferraz, em 2008, que Wellington deu os primeiros passos rumo ao mercado de trabalho. Freqüentava com assiduidade, três vezes por semana, as aulas dadas por técnicos, psicólogos e orientadores do Serviço de Preparação para o Primeiro Emprego. Aprendeu, junto com seus 59 colegas de turma, a enfrentar uma entrevista de emprego, a preparar um currículo, além de informática. “Descobri muitas coisas novas, inclusive, a me expressar melhor convivendo com os colegas no programa. Antes, eu era super tímido”, conta o jovem.
A dedicação foi recompensada. Há dois meses, Wellington trabalha em um restaurante num shopping de Bauru, onde monta os pratos que são servidos. “Aconselho aos jovens a procurarem o serviço. A equipe faz um excelente trabalho”, garantiu. O jovem agora pretende arranjar um trabalho em que o salário seja melhor para fazer a faculdade que tanto almeja.
Oportunidade - Desenvolvido em três módulos ao longo de um ano, o serviço oferecido nos CRAS de Bauru conta com uma equipe formada por monitores de informática, psicólogo e assistente social. São repassadas aos jovens, de forma gratuita, noções de liderança, empreendedorismo, comportamento no mercado de trabalho, orientação vocacional, além de esclarecimentos sobre drogas, sexualidade e valorização da autoestima. No último módulo, os jovens passam a freqüentar um dos cursos técnicos de informática, escritório, secretariado, execução ou convênio. Realizam, ainda, visitas a fábricas, clínicas, universidades e outros locais sugeridos pelos próprios jovens. A idéia é que eles tenham uma noção da dinâmica de algumas profissões.
A assistente social Maria Angélica de Carvalho coordena o Serviço de Preparação para o Primeiro Emprego de Bauru. E vê na iniciativa uma motivação para os jovens. “Ressalto que não colocamos ninguém no emprego, mas damos ferramentas para isso. É notável o progresso desses rapazes e moças a partir do quarto e quinto semestre”, afirma Angélica.
Experiências - Jéssica Rodrigues de Andrade, 17 anos, 3º ano do ensino médio, nasceu em Bauru. Faz 18 anos em setembro. Participa desde o ano passado do Serviço e, este ano, faz informática. Mora com a mãe e a irmã. Foi convidada pela prima a conhecer o programa. Aprendeu a se comportar em uma entrevista de emprego, a usar a roupa adequada, comunicar-se melhor. Pretende fazer Administração de Empresas. Jéssica procura o primeiro emprego como caixa de supermercado ou secretária, por enquanto, para ajudar nos gastos da casa e guardar algumas economias. “Vale a pena participar do programa porque você aprende coisas novas e úteis para sua vida”, completa, empolgada.
Celso Sidney Serrano Júnior, 18 anos, mora com os pais e duas irmãs. Já concluiu o ensino médio. Pretende ser publicitário e está tentando o vestibular. Atualmente, faz informática no CRAS Jardim de Ferraz. “Acho que os jovens devem participar, fazer alguma coisa de útil e não ficar pelas ruas. Vou atrás do meu futuro. Estou procurando emprego desesperadamente”, diz Celso.
Os interessados em participar do Serviço de Preparação para o Primeiro Emprego devem estar cursando, no mínimo, a 8ª série. Outras informações podem ser obtidas direto nos seis Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) de Bauru.
Desemprego - Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em março de 2009 a taxa de desemprego para a faixa etária de 16 a 24 anos subiu para 21,1%, a maior desde agosto de 2007. Para especialistas, a taxa dessa faixa da população é geralmente mais alta porque falta qualificação e experiência, dificultando a inserção no mercado de trabalho.
Para Jorge Fernando Valente de Pinho, professor do departamento de Administração da Universidade de Brasília (UnB) há 22 anos, a qualidade da formação dos alunos no Brasil é um problema seríssimo sendo esta, segundo ele, uma das causas do empregador preferir contratar alguém com experiência. Segundo o especialista, um dos bons caminhos para fugir do desemprego são os cursos técnicos. “Aprender a fazer alguma coisa vai permitir que se consiga uma colocação com mais facilidade,” pondera o professor, que considera de extrema importância aliar a escolaridade à experiência. “Iniciativas como o Serviço de Preparação para o Primeiro Emprego são boas ferramentas. Um ganho”, assegura Jorge Fernando.
Ana Soares
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