Na quarta-feira (14/04), os ministros do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Márcia Lopes, e da Secretária de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Eloi de Araújo, aceitaram conhecer um pedaço do País que poucos sabem existir: a comunidade quilombola de Vão das Almas, no Município de Cavalcante (GO). Distante a pouco mais de 4 horas de Brasília (DF), os ministros percorreram de carro os 350 quilômetros que separam os dois trechos para pousar na cidade goiana. Afinal, a viagem prosseguiria no dia seguinte.
A distância entre Cavalcante e a comunidade quilombola de Vão das Almas é de 35 quilômetros. Em boas condições de tempo, transporte e estrada algo que poderia ser feito em menos de uma hora. No entanto, os ministros Márcia Lopes e Eloi de Araújo gastaram 3 horas para fazer o percurso, tal as condições adversas do caminho. Somente veículo com tração consegue fazer a ligação entre o Município e a comunidade. Segundo moradores, em época de chuva só com barco é possível chegar a Cavalcante e no período de estiagem a pé ou no lombo de burro. “É importante que as lideranças do governo federal presenciem realidades tão particulares como as presenciadas aqui”, destacou Márcia Lopes.
A comunidade Vão das Almas remanesce do quilombo Kalunga e ocupa um território de 253 mil hectares. São 62 localidades, cortadas pelos rios Pedra Branca, Gameleira, Capivara e Branco, totalizando cerca de mil famílias com uma população próxima a 4 mil pessoas. O quilombo é dividido em cinco núcleos, abrigando cerca de 50 grupos de base familiar: Vão das Almas, Vão do Moleque, Ribeirão dos Bois, Contenda e Kalunga.
No dia-a-dia, dedicam-se à plantação de mandioca, arroz, fumo, milho e feijão. Criam gado e aves, praticam a caça e a pesca. A atividade produtiva mais importante e base principal do sustento das famílias é a fabricação de farinha, que envolve a todos em uma espécie de ritual.
Encontro – Os ministros participaram de encontros com as lideranças comunitárias e ouviram reivindicações para a construção da estrada que ligará o quilombo a Cavalcante, a solicitação de água encanada, serviços de saúde, energia elétrica e escola para a comunidade. “Ouvi relatos de pessoas que perderam familiares por não conseguir chegar ao hospital devido à distância”, disse Márcia Lopes.
A ministra informou às mais de 100 pessoas que compareceram ao encontro, que o governo federal, seguindo orientação do presidente Lula, tem priorizado os quilombolas na elaboração e execução de políticas públicas. “O Bolsa Família atende a 1.341 famílias no Município de Cavalcante, com transferência total mensal de mais de 136 mil reais”, destacou Márcia Lopes. A taxa de cobertura é de 96,4%, de acordo com o número de famílias pobres no Município de Cavalcante. Desse total, 493 são famílias quilombolas e recebem mensalmente do MDS R$ 50.592.
Programas do MDS – Além do Bolsa Família, o Ministério do Desenvolvimento Social destina a Cavalcante o Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA) que beneficia 469 pessoas. Há execução ainda de iniciativas de segurança alimentar e nutricional, como a distribuição de cestas de alimentos, e ações de assistência social, como um Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) co-financiado pelo Ministério e o Benefício de Prestação Continuada de Assistência Social (BPC) para deficientes e idosos.
Participaram também deste encontro o prefeito de Cavalcante, José Magalhães Sobrinho, o presidente da Câmara Municipal, André da Silva, e técnicos dos ministérios de Minas e Energia e Trabalho e Emprego.
André Carvalho
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