Nos Bancos de Alimentos, os produtos doados são recebidos, selecionados, processados ou não, embalados e distribuídos gratuitamente às entidades assistenciais

O lar espírita Benedito da Cura, localizado em Cuiabá, capital do Mato Grosso, funciona como semi-internato para 32 crianças carentes. Às quintas-feiras, todos ficam ansiosos, aguardando a chegada da doação semanal proveniente do Banco de Alimentos do Município. Frutas variadas; legumes e verduras como abóbora, quiabo, mandioca; e milho verde, entre outros alimentos, abastecem a instituição. O excedente é dividido com as famílias das crianças, a fim de complementar o cardápio de casa. “Aqui tudo é muito bem aproveitado”, afirma Antônia Rodrigues de Miranda, coordenadora do local.

Um dos alimentos mais utilizados, segundo Antônia, é a abóbora. Com esta hortaliça, é produzida grande variedade de doces. A renda obtida com sua venda é revertida para a própria instituição. As doações do Banco de Alimentos foram iniciadas há aproximadamente seis meses. De lá para cá muita coisa mudou. “E para melhor”, comemora Antônia. “O dinheiro que economizamos com a compra de alimentos, é revertido em benefícios para a instituição. Para nós foi um ganho e tanto”, diz a coordenadora.

Bancos de Alimentos - Iniciativa de abastecimento e segurança alimentar do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), desenvolvido em parceria com Municípios com mais de 100 mil habitantes, o Programa Banco de Alimentos foi concebido para arrecadar alimentos provenientes de doações, por meio de articulação com o setor alimentício, e repassá-los a entidades assistenciais previamente cadastradas.
Nessas unidades, os produtos são recebidos, selecionados, separados em porções, processados ou não, embalados e distribuídos gratuitamente às entidades assistenciais, como forma de complementação às refeições diárias oferecidas à população assistida. Em contrapartida, as entidades atendidas pelos Bancos participam de atividades de capacitação em educação alimentar, de forma que o conhecimento seja repassado à comunidade.

O Banco de Alimentos de Cuiabá recebeu - por meio de um convênio entre a Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS e a Conab - cerca de R$ 85 mil para compra de equipamentos, materiais permanentes e de consumo.

O Grupo de Idosos do bairro Campo Velho é outra instituição beneficiada pelo Banco de Alimentos da capital mato-grossense. Ali, residem aproximadamente 100 idosos. Outros 60 participam de atividades desenvolvidas no local. Pratos saborosos, como salada de abobrinha, maxixe refogado, sopa ou carne seca com arroz são preparados pelos funcionários, com o objetivo de aproveitar melhor os alimentos. “Não sei o que seria de nós sem essa doação”, diz Benta da Silva de Jesus, coordenadora do Grupo. Segundo ela, a iniciativa proporcionou melhoria na qualidade de vida e aumento de autoestima. “É muito triste ver pessoas idosas, que já passaram por muitas provações na vida, privadas do básico, da alimentação. Agora todos estão mais satisfeitos”.

Essas duas instituições estão entre as 74 entidades cadastradas para o recebimento das doações feitas pelo Banco de Alimentos em Cuiabá. A arrecadação de 108 toneladas, em apenas seis meses de funcionamento, surpreendeu o coordenador da unidade, Adriano Luiz Marques. “Nosso desafio é arrecadar cada vez mais. Queremos bater nosso próprio recorde”.

Além das entidades, 450 famílias carentes são beneficiadas pelas doações. Como forma de facilitar a entrega dos alimentos, a coordenação do Banco pretende centralizar a entrega nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) mais próximos dos beneficiários. “A iniciativa vai significar grande mudança, pois facilitará a vida de muita gente que mora longe e precisa pegar vários ônibus para chegar ao Banco de Alimentos, que fica no bairro do Porto”.

Os equipamentos públicos de segurança alimentar e nutricional beneficiam 671 mil pessoas. Das 88 unidades, 55 estão em funcionamento. O investimento do Governo Federal é de R$ 2,6 milhões.

Junia Almeida

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