Peru seguirá modelo de integração de políticas sociais do governo brasileiro

Este é o principal resultado da visita oficial do ministro Patrus Ananias àquele país para aprofundar a cooperação entre as duas nações

Fotos: Roberta Caldo/MDS

 

 


Acima: Produção de pães artesanais em Iguaín, região de Ayacucho no Peru
Ao lado: Ministro Patrus Ananias recebe condecorações na sede do governo de Ayacucho, no Peru

O governo peruano montará um grupo de trabalho para integrar os programas sociais, a exemplo do que acontece com a rede de proteção social brasileira. Este foi o resultado da visita oficial de dois dias do ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, ao Peru. Nos dias 15 e 16 de janeiro, o ministro se encontrou com o presidente Alan Garcia, teve reunião de trabalho com autoridades peruanas e visitou programas na região metropolitana de Lima e no interior do país.

“A pobreza é igual em todos os países e também é inadmissível em todos os países. Eu aprendi muito nesta viagem. Brasil e Peru estão unidos em todas as frentes, em especial na integração das políticas sociais”, declarou o ministro Patrus à imprensa ao final da viagem. A afirmação foi feita no Palácio do Governo peruano, em Lima, ao lado do presidente do Conselho de Ministros (cargo equivalente ao de primeiro-ministro), Yehude Simon, que agradeceu publicamente a visita do dirigente brasileiro ao país.

O ministro Patrus lembrou que a crise econômica não pode afetar o andamento das políticas sociais. “Em face desta crise financeira internacional, devemos lembrar que os pobres não podem ser penalizados. As políticas sociais devem ser mantidas e ampliadas, criando um nível maior de autonomia em nossos países”, afirmou, no encerramento da viagem.

Ações peruanas - Na sexta-feira (16) à noite, o ministro Patrus se reuniu com o presidente do Peru, Alan Garcia, quando relatou as atividades dos dois dias e fez uma avaliação dos programas sociais peruanos, que têm muitas similaridades com as ações brasileiras. A estratégia “Crescer”, por exemplo, é similar à estratégia do Fome Zero, que reúne diversas ações. Na avaliação do ministro brasileiro, a integração das políticas sociais no Peru ajudará a melhorar a condição de vida da população pobre. Segundo estimativa do Ministério da Mulher e Desenvolvimento Social, 39,3% dos peruanos vive na pobreza – em 2001, este índice chegou a 54,8%.

No dia anterior, o ministro brasileiro havia participado de uma reunião de trabalho com o ministro Yehude Simon; a ministra da Mulher e Desenvolvimento Social, Carmen Vildoso, o vice-ministro de Economia (pasta responsável pela identificação de beneficiários de programas sociais), Eduardo Moron, além de diretores e técnicos do governo. No evento, transmitido ao vivo por emissoras de TV e rádios locais, o ministro Patrus apresentou os programas do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome e seus resultados, como a redução da pobreza de 35% em 1992 para 18% em 2006.

Patrus Ananias também foi informado sobre as ações sociais no Peru, como os núcleos Wawa Wasi (na língua indígena peruana, “a casa das crianças”), que dá atendimento a 53 mil crianças em todo o país. O ministro visitou no mesmo dia, à tarde, uma unidade Wawa Wasi em San Juan de Miraflores, distrito da região metropolitana de Lima, a menos de 20 km da capital. A região é extremamente pobre – são 40 mil habitantes, sendo que nove mil não possuem água, nem luz. Nesta unidade, as crianças são pesadas e medidas para um acompanhamento nutricional, fazem atividades lúdicas, se alimentam e possuem até um espaço para tirar uma soneca depois do almoço.

Em San Juan de Miraflores o ministro também se encontrou com gestores do programa “Juntos”, que transfere renda como o programa Bolsa Família, que atende a 11 milhões de famílias brasileiras. O programa peruano beneficia 420 mil famílias, que recebem cerca de 32 dólares por mês, desde que as crianças de 6 a 14 anos freqüentem as aulas e crianças e mulheres façam acompanhamento nutricional e de saúde. O objetivo do governo peruano é chegar a 1,02 milhão de famílias. O ministro brasileiro elogiou a iniciativa do governo peruano de levar uma autoridade de outro país a conhecer a realidade das famílias pobres.

Ao final da reunião com a equipe peruana, ainda na quinta-feira (15), o ministro Simon anunciou a formação de um grupo de trabalho que deve formular um plano que unifique as ações de governo na luta contra a fome e a miséria. O ministro Patrus aproveitou para sugerir que equipes técnicas dos dois países trabalhem juntas no processo de integração das políticas públicas e elogiou a iniciativa: “Nós estamos vivendo um momento muito importante na América do Sul, inclusive com a criação do Instituto Social do Mercosul, uma demonstração de que estamos priorizando a área social na região”. Em dezembro, o Brasil sediou a XXXVI Reunião Ordinária do Conselho do Mercado Comum de Estados Partes e Associados do Mercosul, na Costa do Sauípe (BA), quando foram aprovados os eixos e diretrizes do Plano Estratégico de Ação Social do Mercosul e também a estrutura e orçamento do Instituto Social do Mercosul, que terá sede no Paraguai e orçamento inicial de 227 mil dólares para 2009.

À noite, o ministro Patrus fez a palestra “Crise Financeira Internacional: a resposta social no Brasil” para um auditório lotado no Hotel Sol de Oro, em Lima. Ele afirmou que os investimentos na área social fortalecem o mercado consumidor interno, ajudando o país a enfrentar o atual período de turbulência na economia internacional. Entre 2004 e 2008, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) investiu 107,5 bilhões de reais, beneficiando cerca de 64,3 milhões de pessoas (34% da população). O orçamento do Ministério aumentou 150% entre 2003 e 2008 – de 11,4 bilhões de reais em 2003 para 28,6 bilhões de reais em 2008. Para 2009, o orçamento do MDS – já aprovado no Congresso Nacional brasileiro - é de 32,6 bilhões de reais (14,81 bilhões de dólares).

Ayacucho - Na sexta-feira (16) cedo, o ministro Patrus deu entrevista para o programa Ampliacion de Noticias, da rádio e TV RPP. Em seguida, ele viajou para Ayacucho, região (equivalente aos estados brasileiros) a 500 km da capital, acompanhado do primeiro-ministro Yehude Simon, da ministra Carmen Vildoso, da secretária nacional de Renda de Cidadania do MDS, Lúcia Modesto, e do assessor internacional do MDS, Valdomiro Luis de Sousa, que integraram a comitiva brasileira na viagem. A região fica no altiplano central dos andes peruanos e é extremamente pobre.

Em Ayacucho, o ministro visitou comunidades do município de Iguain. Ele conheceu fornos domésticos para produção de pão artesanal, conversou com agricultores rurais que estão produzindo milho e morangos e recebeu medalhas e diplomas. “O povo peruano é muito hospitaleiro, especialmente os mais pobres”, relatou o ministro ao receber presentes, condecorações e flores. “Temos muito a aprender com o Peru, especialmente estas políticas de microcrédito para emancipação das famílias pobres”, finalizou.

Roberta Caldo

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