Beneficiários do Bolsa Família de Maceió (AL) são
preparados para o mercado de trabalho

As capacitações são feitas com recursos repassados pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) para melhorar a gestão do programa de transferência de renda

Fotos: Vanessa Napoleão  
Marileide (de azul) e seus companheiros recebem os kits de pedreiro

Após a conclusão do curso, os beneficiários se inscrevem no SINE


Quem olha para a nova fachada do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) do bairro Pitanguinha – em Maceió – nem imagina que o serviço de pintura foi realizado pelos próprios frequentadores do local. Orientados por um instrutor do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), 12 beneficiários do Bolsa Família colocaram em prática o conhecimento adquirido durante uma semana de aulas teóricas. No grupo de aprendizes de pintores, o trabalho de Marileide Barroso da Silva fez a diferença. Mãe de um garoto de três anos e beneficiária do programa de transferência de renda há três meses, Marileide foi a única mulher a participar do curso. “Foi uma experiência interessante. Aprendemos a pintar madeiras, ferros e paredes. Quero ainda fazer um aperfeiçoamento na área”, diz.

Atualmente desempregada, a alagoana fez inscrição no CRAS - unidade co-financiada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - para participar também do curso de pedreiro. “Eu gosto dessas profissões. O grande problema é que as pessoas são preconceituosas e, muitas vezes, não querem contratar mulheres”, lamenta, mas sem desanimar. Agora, a expectativa é conseguir um emprego e poder utilizar os instrumentos (dois rolos; uma desempenadeira de aço; três pincéis; três espátulas e uma bandeja de PVC) que compõem o kit entregue aos beneficiários que concluíram o curso.

A capacitação feita por Marileide, em janeiro deste ano, foi custeada com os recursos repassados pelo Ministério através do Índice de Gestão Descentralizada (IGD), que foi criado em 2006 como apoio aos Municípios nas atividades de gerenciamento do Bolsa Família e do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal.

O IGD varia de 0 a 1 e indica a qualidade da gestão do Bolsa Família feita pelas Prefeituras. Para obter um bom índice, os gestores municipais devem manter atualizado o Cadastro Único e também informar os dados sobre as condicionalidades de saúde e educação. De acordo com o desempenho,o MDS transfere, mensalmente, recursos financeiros para as unidades federativas. Assim como em Maceió, outras Prefeituras utilizam esses recursos na promoção de cursos de geração de trabalho e renda para os beneficiários do Bolsa Família.

Nos seis Centros de Referência de Assistência Social da capital alagoana - todos cofinanciados pelo Ministério do Desenvolvimento Social - são oferecidos cursos nas áreas da construção civil, culinária e artesanato. O público alvo é formado por beneficiários do Bolsa Família e também pessoas em situação de vulnerabilidade social. Segundo a psicóloga e servidora da Secretaria de Assistência Social de Maceió, Silvana Cunha, todos os que concluem os cursos são inscritos no Sistema Nacional de Emprego (SINE).

Motivação – Mesmo antes de ser beneficiada pelo Bolsa Família, Marileide Barroso já freqüentava o CRAS e recebia orientações sobre seus direitos. A equipe do Centro de Referência – formada por assistentes sociais e psicólogos – desempenha a importante missão de conscientizar os moradores da periferia da capital alagoana. Para Silvana Cunha, a motivação é uma forte aliada para o bom desenvolvimento do trabalho.
“Nós trabalhamos com a motivação, com a conscientização e o incentivo aos beneficiários. Estamos presentes na abertura dos cursos, durante as aulas, e também no final para ouvir as críticas e sugestões dos alunos”, explica.

Ao se preparar para oferecer as qualificações, a equipe do CRAS ouviu as opiniões de pessoas da comunidade e verificou a demanda do mercado de trabalho. “Nós fizemos uma pesquisa não oficial para saber quais são os cursos mais necessários e úteis à comunidade. É preciso também respeitar a aptidão de cada um”, argumenta Silvana Cunha.

Um futuro melhor é o que vislumbra Marileide Barroso. Ela quer cursar outras capacitações e batalha agora por uma vaga no disputado mercado de trabalho. “O pessoal do CRAS foi muito legal e nos incentivou muito. Quero trabalhar e dar uma vida melhor ao meu filho”, sonha.

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) cofinancia 106 Centros de Referência de Assistência Social em Alagoas. Na capital, Maceió, 68.725 lares são atendidos pelo Programa Bolsa Família.

Fernanda Souza

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