Fios que transformam vidas


Em Goiás, o talento de moradoras de quatro Municípios tem transformado sobras de algodão em arte. O trabalho - oportunidade para melhorar a renda das famílias vulneráveis - faz parte das iniciativas desenvolvidas pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Ana Nascimento / MDS  
São centenas de quilos de algodão que iriam para o lixo. Mas, graças a um grupo de tecelãs, as sobras do produto que caem à beira das estradas durante o transporte na época da colheita estão mudando a vida de cerca de 150 mulheres, nos Municípios goianos de Ipameri, Orizona, Silvânia e Vianópolis. Elas resgataram a cultura da tecelagem da região e produzem diversos tipos de bolsas, inclusive para participantes de eventos. “Aqui, cada uma que faz põe a sua ideia, né?”, diz a lavradora Maria de Lourdes Alves e Silva, 62 anos, que enxergou no desperdício uma oportunidade para aumentar a renda familiar.

O trabalho faz parte das iniciativas desenvolvidas pelo Mutirão Nacional pela Superação da Miséria e da Fome, setor da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Segundo a coordenadora da
Maria de Lourdes Alves e Silva: “Aqui, cada uma que faz, põe sua ideia”  

Regional Centro-Oeste do Mutirão, irmã Ines Oliveira, o algodão é “catado” (em referência á expressão “fazer a cata” utilizada pelas mulheres) com anuência do proprietário das terras. “Elas estão mostrando que a solidariedade constroi”, avalia a freira. “Aqui não há investimento algum, precisa-se apenas de criatividade, boa vontade, e as pessoas querem fazer”, continua. Para melhorar a condição de trabalho da chamada Rede – formada pelas cidades envolvidas – e buscar recursos, o grupo pretende criar uma associação.

Em Vianópolis (GO), distante 92 quilômetros de Goiânia, na comunidade Santa Rita, as tecedeiras reúnem-se na “taperinha velha” de Maria Alexandrina Marques Neto, 63 anos. “No início, eu não queria, mas as minhas filhas me convenceram”, relata a tecelã, que se livrou de uma depressão profunda ao retomar a atividade de tecer, que já desenvolvia antes da doença. Dona Maria e as colegas trabalham em um espaço improvisado atrás da casa. Ali, forma-se uma espécie de linha de montagem. Desde o produto in natura ao resultado final, tudo é aproveitado – até as sementes de algodão, que servem para ração animal.

Saber fazer - Quem não sabe tecer, aprende essa arte nas oficinas produtivas, onde as mais experientes repassam o conhecimento para as que estão chegando. O algodão é recolhido entre os meses de maio e agosto e estocado. Recentemente, os artigos passaram a ganhar bordados feitos pelas companheiras de Caraíba, outro Município vizinho que está se integrando ao projeto.

Em junho deste ano, a Rede produziu 200 bolsas para um encontro da CNBB, em Brasília (DF), e 180 para a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o que rendeu R$ 5,8 mil, posteriormente distribuídos entre as tecedeiras e costureiras. “Algumas ficaram até 2h da madrugada para cumprir o compromisso assumido”, recorda irmã Ines. E as encomendas não param.

Raquel Flores

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