Em Lavras da Mangabeira, Bolsa Família vira estrela do rádio e a população passa a dispor de mais informações sobre o programa.

Um programa de rádio para manter os beneficiários antenados com as questões relacionadas ao Bolsa Família. A idéia, colocada em prática pela Prefeitura, surgiu em Lavras da Mangabeira, município distante 430 quilômetros de Fortaleza (CE). Idealizado pelo operador de sistema do cadastro do Bolsa Família na cidade, Josenildo Cabral Leite, o programa foi lançado em 2007 e acaba de completar um ano de existência com muito sucesso.

A transmissão é feita pela Rádio Comunitária Boqueirão FM todas as  sextas-feiras, das 12h30 às 13h, e o posto de locutor é ocupado pelo próprio Josenildo, que considera o novo ofício um presente

e não uma obrigação. “O rádio está sendo um grande aliado da Secretaria de Ação Social de Lavras da Mangabeira.

Estamos esclarecendo dúvidas, divulgando informações variadas,  nos comunicamos com um grande número de pessoas de uma só vez. Isso é maravilhoso, pois o nosso trabalho na Secretaria ganhou um outro ritmo. Estou muito feliz de fazer parte desta história”, comemora.

Segundo Josenildo, o sucesso do programa foi percebido aos poucos, mas um fato marcante mostrou a importância daquela meia hora, uma vez por semana, durante o almoço. “No turno da tarde, o expediente na Secretaria de Ação Social começa às 14h. Um dia, antes de abrirmos as portas, já havia uma moça do lado de fora esperando. Ela disse que a vizinha ouviu o nome dela no rádio e por isso estava lá. Foi aí que percebemos a dimensão que o programa estava ganhando”. Desde então, pelas ondas do rádio,  são convocadas pessoas  que precisam apresentar documentos na Secretaria de Ação Social. Além disso, são veiculados avisos sobre eventuais problemas no cadastro e alertas para os pais cujos filhos estejam faltando às aulas. Em resumo, o foco é coletivo, mas há também avisos caso a caso.
           
De acordo com Pedro Roque Araújo, coordenador-geral da Assistência Social de Lavras da Mangabeira, a população do município é estimada em 32 mil habitantes e cerca de 5.200 lares recebem o Bolsa Família, programa de transferência de renda condicionada do governo federal executado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).
           
Devolução voluntária - Em dezembro de 2007, a Secretaria de Ação Social, apostando na boa  audiência do programa, lançou uma campanha que incentivava a devolução voluntária do cartão Bolsa Família junto àqueles beneficiários que já tinham conseguido independência financeira.
             
“É preciso que as pessoas tenham consciência da importância da devolução do cartão quando a renda familiar aumenta, pois, só assim, outras famílias necessitadas poderão ser beneficiadas e sair da situação de extrema pobreza”, ressalta Josenildo.
           
Em pouco tempo, o apelo da campanha mostrou resultados. A dona de casa Zilá Fernandes, de 48 anos, entendeu direitinho o recado dado no rádio, procurou o setor de cadastro do Bolsa Família e solicitou o cancelamento voluntário do seu benefício. “Na realidade, foi o meu vizinho que ouviu a história da campanha e me explicou tudinho. Aí, como a minha filha se casou, e eu sei que outras pessoas estão precisando muito dessa ajuda, fui lá e devolvi o cartão”.
           
A moradora da zona rural foi a primeira pessoa  de Lavras da Mangabeira a  solicitar o cancelamento voluntário do benefício. A cearense acredita que os R$ 30 reais mensais que lhe ajudaram durante um bom tempo, com certeza, farão outra família feliz. “Fico alegre em saber que  fazendo a minha obrigação estou ajudando quem precisa. Além disso, espero que outras pessoas sigam o exemplo. Afinal de contas, tem tanta gente neste Brasil precisando de um benefício, né?”, encerra a questão.
           
A iniciativa de dona Zilá Fernandes incentivou outra família a procurar a Secretaria  para solicitar voluntariamente o cancelamento do benefício.
           
Além de repassar valores entre R$ 18,00 e R$ 172,00, o programa Bolsa Família  exige o cumprimento de contrapartidas: 85% de freqüência escolar para crianças e adolescentes com idades entre 6 e 15 anos, 75% para adolescentes de 16 e 17 anos, e acompanhamento médico para crianças, gestantes e nutrizes (vacinação, pré-natal). Para receber o benefício, a família deve ter renda per capita mensal de até R$ 120,00.

Juliana  Nunes
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ASCOM / MDS