Camaçari (BA) é exemplo
de bom desempenho social

Ana Claudia Gonçalves /  IES
Município localizado na região metropolitana de Salvador, Camaçari ganhou fama pelos 42 quilômetros de praias paradisíacas, como Arembepe - aldeia hippie escolhida como refúgio da cantora Janis Joplin nos anos 70 -  e por abrigar a sede do projeto Tamar, de preservação de tartarugas marinhas. Mas, se continuar no rumo em que está, Camaçari pode se transformar em  referência na área social. Com pouco mais de 220 mil habitantes, a cidade, uma das mais ricas do Nordeste, resolveu enfrentar a força onipresente da desigualdade social e investir na melhoria da qualidade de vida de seus cidadãos mais pobres.


           

Alunas do curso de jardinagem, oferecido pela Prefeiutra de
Camaçari, começam a fazer do aprendizado uma fonte de renda


Um dos trunfos do Bolsa Família na cidade -  que recebe a visita do ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananais, nesta terça-feira (13/05) -  é contar com uma rede de programas que funcionam interligados. Um deles é o Mulher Cidadã, que desde o segundo semestre de 2007 já investiu na educação de 2.000 mulheres. Funciona assim: os gestores do programa fazem uma busca entre as mulheres beneficiárias do Bolsa Família e selecionam as que estão em situação de maior vulnerabilidade. A prioridade é para as que tenham sido vítimas de violência doméstica, sejam titulares do benefício, vivam em famílias muito numerosas ou morem nos bairros mais pobres.
           
Após a seleção, essas beneficiárias recebem visitas da equipe do programa em casa, falam sobre o que gostariam de aprender e recebem informações sobre os cursos. Muitas optam pelos cursos de alfabetização. As que já possuem alguma formação escolar recebem reforço ou se matriculam nos cursos oferecidos. São oferecidas aulas profissionalizantes  nas áreas de telemarketing, confecção de bijuterias, buffet, corte e cabelo, costura com customização, culinária, jardinagem, massagem linfática e modeladora, confecção de roupas íntimas e de moda praia, serviços domésticos e panificação. Para participar destes cursos, elas ganham mais R$ 120, um valor complementar ao benefício pago pelo Bolsa Família.
           
Preocupação cidadã - Se engana quem pensa que tudo que estas moradoras de Camaçari aprendem é uma profissão. Os cursos também tratam de sua formação pessoal e social, abordando temas como meio-ambiente, cidadania, saúde, auto-estima e sexualidade. Depois de entrar na fase profissionalizante, elas ainda recebem noções de gestão de negócios, economia solidária, cooperativismo e administração. “Cerca de três cooperativas já estão se formando. Um grupo que trabalha com corte e costura, outro que se especializou em culinária, e o terceiro, que faz artesanato”, comemora a coordenadora do programa, Sara Oliveira.
           
Preparadas para um novo sonho profissional, as mulheres passam a fazer parte do público em potencial de outro projeto de Camaçari: o Banco do Povo. Criado para fomentar a atividade econômica em comunidades carentes, o Banco apóia instituições e cooperativas, faz articulações locais, prepara empreendedores e concede microcrédito. Atualmente, conta com 133 mulheres e 38 homens em sua carteira de crédito. “Trabalhamos para que os beneficiários conquistem autonomia financeira”, afirma a secretária de governo de Camaçari, Jailce Andrade.
           
A política de atenção ao idoso criada pela cidade já se tornou referência estadual. Os 750 idosos atendidos esperam o ônibus na porta de casa e são levados a uma chácara, onde são recebidos com lanches e têm direito a atendimento psicológico, médico, odontológico, e ainda aprendem pintura, fazem cerâmicas e cultivam hortas. As ações relacionadas a gênero e raça também seguem no caminho de se tornarem exemplo. O município criou a Gerência de Promoção da Livre Orientação Sexual, que defende os interesses de gays, lésbicas e travestis.
           
A administração municipal instituiu também a Coordenação de Promoção da Igualdade Racial (Copir), que trabalha no levantamento dos mais de 300 terreiros de matriz africana da cidade e no reconhecimento das comunidades quilombolas da região. E é da mesma coordenação uma idéia simples e eficiente na luta contra a discriminação:durante as festas públicas, são montados postos de observação em cabines elevadas, para que a polícia fique de olho em cenas de violência. Alguns agentes se infiltram na população e, com máquinas fotográficas, registram cenas de discriminação e agressões, que depois serão apuradas e devidamente punidas.
           
Educação em alta - Outra novidade boa que Camaçari tem a apresentar é a Cidade do Saber Professor Raymundo Pinheiro. O complexo é um dos maiores centros de inclusão social da América Latina e oferece 20 cursos gratuitos às comunidades de baixa renda. São sete mil alunos praticando basquete, ginástica rítmica, karatê, vôlei, handebol, capoeira, futsal, natação e hidroginástica. Outros mil estudantes se matricularam nos cursos de balé, jazz, teatro, literatura, música, dança moderna e de salão, pintura em tela, pintura em seda, produção textual, reciclagem, desenho e pintura. Com espaço de 22 mil metros quadrados, a Casa do Saber construiu o segundo maior teatro da Bahia, com capacidade para 567 pessoas.
           
O prefeito, Luiz Carlos Caetano, aponta investimentos diretos também na educação. Segundo ele, houve uma revolução na merenda escolar, com a contratação de merendeiros, estabelecimento de cardápios balanceados, compra de melhores equipamentos para as cantinas e construção de refeitórios. As disciplinas de Arte, Cultura e Informática também foram incluídas nos currículos. “Até o dia 20 de maio, teremos  acesso à internet em todas as escolas da cidade”, promete ele.
           
Uma das mulheres que vive a realidade social de Camaçari é Rita de Cássia Nascimento de Jesus, 44 anos de idade e 20 de experiência como cozinheira. Depois de trabalhar em sete restaurantes da região, a mãe de quatro filhos viu as portas do último estabelecimento se fecharem e passou a integrar as estatísticas de desemprego. Já tinha ouvido falar no Banco do Povo e decidiu agir. Freqüentou as aulas de economia solidária, cooperativismo e administração, resolveu entrar no ramo das quentinhas e contratou um microcrédito no valor de R$ 1.500.
           
Há um mês tocando o próprio negócio, ela faz uma média de 40 refeições por dia e vende cada uma a R$ 6. Cada embalagem de isopor contém dois tipos de carne, salada, arroz, macarrão, feijão, farinha e pimenta. Ela garante que acorda mais cedo e trabalha mais, mas não reclama. “Acho que minha vida melhorou. Não estou mais desempregada e trabalho em casa”, comemora.

Mariana Moreira

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