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Com o apoio de um Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) da capital mato-grossense e muita força de vontade, desempregado de 47 anos volta ao mercado de trabalho e muda a própria história
Uma boa parte das pessoas que mora em prédios residenciais ou comerciais conta com um ajudante mais que especial, principalmente nas horas de aperto: o porteiro. “Encanador”, “vigia”, “psicólogo”, “ajudante-em-geral” são algumas das atribuições extra-oficiais deste profissional que, atualmente, precisa ter qualificação.
Desempregado há sete meses, o pai de família Orozino Rodrigues de Moura, de 47 anos, morador do Bairro Pedra 90 em Cuiabá (MT), decidiu fazer parte desse grupo de profissionais que precisam
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estar atentos a tudo que acontece nos condomínios para ajudar a solucionar os problemas de forma rápida e eficiente.
Sem dinheiro para pagar um curso de qualificação particular, recentemente, a caminho de casa, Orozino resolveu buscar ajuda no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) mais próximo. Teve uma boa surpresa. "Não acreditei quando vi um curso para porteiro com matrículas abertas. A sorte foi tanta que até a carteira de trabalho, documento necessário para inscrição, estava comigo", relembra, com alegria.
Implementado com o apoio financeiro do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), por meio da Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS), o CRAS Sebastião Rodrigues de Souza, ao qual Orozino se refere, é uma das 3,7 mil unidades públicas espalhadas pelo País, co-financiadas pelo Ministério e destinadas à prestação de serviços e programas socioassistenciais e proteção básica a famílias e indivíduos.
Certamente, entre todas estas unidades, a mais importante para Orozino é justamente a que fica a 250 metros de sua casa e atende de crianças a idosos. “Não acreditava que os cursos oferecidos no Centro poderiam mudar tanto a vida de uma pessoa como fez com a minha. Por isso, considero o CRAS aqui da comunidade o número 1”, defende o porteiro, que passou a recomendar aos amigos interessados em aprender algo novo que procurem o CRAS mais próximo de suas casas.
Com duração de 200 horas-aulas, o curso, com aulas práticas e teóricas, não proporcionou apenas conhecimento para Orozino. É que, três dias antes do final das atividades, o até então desempregado conseguiu um emprego de porteiro. O diploma que estava por vir fez toda a diferença. "Entreguei o meu currículo em um condomínio de manhã e à tarde me telefonaram dizendo que, quando eu tivesse com o diploma em mãos, a vaga seria minha. E foi mesmo", comemora.
Desde o mês de julho, o novo porteiro, cujo salário é de R$ 1.200,00 , tem posto em prática os ensinamentos aprendidos no CRAS e se orgulha do trabalho que inclui diversas atividades. “Gosto de ter várias funções para não enjoar. Então, em todas as minhas tarefas, eu procuro ter paciência, ser prestativo e solucionar problemas com rapidez. Felizmente, o síndico diz estar gostando muito do meu trabalho. E, afinal de contas, ganho bem prá isso, né?", explica.
Após a finalização do curso, Orozino não quer mais parar de estudar. Pensando em se preparar para a profissão com a qual sonha fazer carreira, ele montou planejamentos de curto e longo prazos. "Pretendo fazer um curso de técnicas de zeladoria. Gosto de trabalhos que exigem responsabilidade, e o zelador é o assessor do síndico”, avalia. Depois, o determinado porteiro diz que se tornar bacharel em Administração é a sua grande meta. Com o ensino médio completo, os dois filhos na pré-adolescência e agora com emprego fixo, Orozino relata que ficará mais fácil realizar o sonho. “Vou estudar em um pré-vestibular gratuito e lutar para ser aprovado na Universidade Federal de Mato Grosso. Acredito que vai dar certo", diz, confiante.
Mesmo enfrentando o preconceito de amigos, que o consideram velho para freqüentar cursinhos, o quarentão diz se sentir jovem para aprender. “A idade está na cabeça de cada um e hoje só sou porteiro porque estudei. Então, é assim que vou continuar batalhando pelo que eu quero”, argumenta Orozino, que considera o seu esforço e a sua dedicação na busca por objetivos os maiores exemplos que pode deixar para os filhos Danielle, de 13 anos, e Pedro, de 10.
De acordo com a Diretora de Políticas Sociais do município de Cuiabá, Eluidil Fontes, os cursos de porteiro, assim como as capacitações nas áreas de construção civil, hotelaria e atendentes de supermercado, foram planejados após uma pesquisa de mercado. “Até pouco tempo não havia muitos prédios, hotéis e supermercados na cidade. Pensando nesse novo cenário, levantamos a demanda de vagas no mercado de trabalho para oferecer cursos com reais chances de emprego. E os resultados estão sendo positivos”, comemora.
Ainda segundo a assistente social Eluidil, após a conclusão da qualificação, os nomes, telefones e endereços dos participantes são enviados para o Sistema Nacional de Emprego (Sine) e também para empresas que contratam recursos humanos. “A idéia é inserí-los no mercado de trabalho o quanto antes, já que na maioria das vezes essas pessoas estão desempregadas”, esclarece. A fim de garantir o melhor resultado aos usuários, a Secretaria Municipal de Assistência Social optou por fazer parceira com uma fundação de ensino tecnológico que emite certificados com reconhecimento nacional. “Estamos empenhados ao máximo no sentido de cumprir o nosso papel, que é proporcionar aos cidadãos uma ascensão do ponto de vista cultural e socioeconômico” comemora a diretora.
Além de cursos voltados para o mercado de trabalho, os cinco CRAS do município de Cuiabá também desenvolvem outras atividades socioassistenciais de atendimento a família, tais como oficina de convivência, palestras socioeducativas, atividades lúdicas (aulas de pintura, dança e música) e informática.
Juliana Nunes
Informações para a imprensa
Ana Soares / Aline Menezes / Rogéria de Paula
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