Centro de Referência de Assistência Social de Porto (PI) investe em prevenção para afastar jovens das drogas


Prefeitura de Porto (PI)  
Ana Maria Batista, psicóloga e Irany Carvalho de Araújo, assistente social. A busca pelo mesmo objetivo uniu essas duas profissionais do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) - equipamento público coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) - da cidade de Porto, no Piauí. No ano passado elas começaram a reunir material educativo e organizar atividades com uma meta: manter os jovens do município longe das drogas.

Desse empenho da dupla, nasceu a Oficina de Reflexão para Prevenção às Drogas, que funciona no CRAS do município, e atende jovens de 13 a 17 anos, a maioria integrante de famílias beneficiárias do Bolsa Família – programa de transferência de renda com condicionalidades conduzido pelo MDS - que abrange 11 milhões de lares brasileiros.

Durante as reuniões, Ana Maria (blusa branca) e Irany Araujo (blusa azul) procuram sempre passar informações consistentes e claras sobre os vários tipos de entorpecentes

Todas as quartas-feiras, pela manhã, a turma formada por 12 moças e 3 rapazes reúne-se para debater e conhecer um pouco mais sobre drogas lícitas e ilícitas. Segundo as idealizadoras do projeto, Ana Maria e Irani, o trabalho é preventivo com informações consistentes sobre os vários tipos de entorpecentes e seus efeitos, palestras com profissionais de saúde, apresentação de vídeos, documentários e esclarecimento de dúvidas.

Para Ana Maria Batista, a informação aliada ao diálogo no ambiente familiar são as ferramentas principais no combate às drogas.

“Na maioria dos casos, os jovens que utilizam essas substâncias não têm um bom relacionamento em casa. Falta orientação dos pais e mais fiscalização dos órgãos competentes”, enfatiza. A psicóloga conta que os jovens são convidados a participar da oficina através de anúncios na rádio local, de visitas das assistentes sociais às famílias e às escolas. “É feito todo um trabalho de conscientização”, garante ela.   

Com aqueles que se mostraram interessados no assunto, é feita uma primeira reunião. Nela, pais e filhos assinam uma espécie de contrato de responsabilidade que inclui compromissos que devem ser assumidos por ambos, como a pontualidade dos jovens na oficina e o envolvimento de pai e mãe no dia-a-dia dos adolescentes.

“Temos um depoimento de uma mãe cujo filho participa dos encontros semanais. Ela relatou que o rapaz está levando tão a sério o que vem aprendendo que já está dando conselhos ao pai, que é fumante, quanto aos males do cigarro”, comemora a psicóloga. Ana revela que idealizou esse projeto para ver seu sonho realizado. “Que cada um desses jovens possa refletir e ser um vencedor no futuro”.

Para a assistente social Irany Carvalho, reunir adolescentes para debater um tema polêmico, como o uso de drogas, é um trabalho muito difícil. “Procuramos dar dinâmica às oficinas com atividades em equipe já que a maioria dos nossos jovens é muito tímida”, enfatiza ela.   

Desde o ano passado, no município, já foram realizadas três oficinas: uma sobre gravidez precoce e duas sobre prevenção às drogas. Essa última, que começou em julho, termina em meados de setembro.

História - A pequena cidade de Porto, a 90 km de Teresina, não fica de fora da dura realidade que atinge, principalmente, os grandes centros urbanos. Segundo Ana e Irani, no município é significativo o número de jovens envolvidos com drogas, principalmente a maconha, e até mesmo com o tráfico. Todos os adolescentes das oficinas freqüentam regularmente à escola e nunca fizeram uso de entorpecentes. Mas, a maioria, conhece  uma triste história de dependência de conhecidos e até mesmo de pessoas bem próximas.

Com apenas 15 anos, Edna Maria da Silva Ramos conversa com maturidade sobre um tema que vem aprendendo nas últimas semanas. Ela participa da Oficina da Reflexão e acha que violência e drogas estão estreitamente ligadas.

“Já vi um jovem drogado apontando uma faca para os pais que ficaram com medo do próprio filho”, lamenta Edna. A jovem que pretende ser professora de Português tem convicção de que o mundo das drogas não é um bom caminho.  

“Procuro repassar a vizinhos, colegas de classe e a todos que encontro as informações e esclarecimentos que recebo freqüentando a oficina”, diz a jovem.

Gilvanice Carvalho Lopes tem 16 anos e mora com os pais e três irmãos. A família é beneficiária do Bolsa Família. Sobre as drogas, Gilvanice conhece a realidade de perto. Um amigo que mora na mesma rua está em coma devido ao uso de crack.

“Estou triste porque ele é ainda muito novo. A família está sofrendo, principalmente, a mãe dele”, diz ela.

A jovem, que pretende ser pediatra, considera a droga devastadora. “Acho que ninguém deve passar por perto”, avalia com segurança.

Maustratos a animais é uma das coisas que mais incomodam Gracco Danilo Pires de Castro. O jovem de 17 anos adora bichos, principalmente cães e cavalos. Entre a história do seu cachorro de estimação, Jack, da égua Xuxa “ ela é lourinha” e das tristes matérias que assiste na TV sobre contrabando de pássaros, Danilo fala sobre sua experiência na Oficina da Reflexão. Acredita que a principal causa do jovem procurar as drogas é mesmo a desestruturação da família.

Danilo diz que tenta ser  uma fonte de informação para seus colegas quando o assunto são as tais das substâncias ilícitas.

“Meus companheiros de turma não acreditavam que as drogas causavam danos, por isso, leio pra eles o material que recebo nas oficinas sobre os riscos da ingestão de cada uma delas”, ressalta. Ele também aconselha os colegas a não usarem esse subterfúgio pra se livrar dos problemas em casa.

“As drogas só agravam as brigas e discussões, além de serem uma porta aberta para o crime”, destaca o jovem que já escolheu a sua profissão: “Vou ser veterinário”.

Ana Soares

 

Assessoria de Imprensa do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
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