Estação Digital completa 5 anos de Brasil e faz festa no Piauí

Fundação Banco do Brasil já investiu R$ 13,9 milhões no Programa de Inclusão Digital

Brasília, 23 - A Vila São Pedro, na zona central de Teresina (PI), era região extremamente violenta de Teresina (PI), mas essa realidade começou a mudar, em 2004, a partir da criação da primeira estação digital do país. Naquela data, exatamente em 8 de julho, uma parceria entre o Governo do Piauí, o Movimento pela Paz na Periferia (MP3) e Fundação Banco do Brasil resultou na instalação do Programa de Inclusão Digital, na capital piauiense.

O Piauí foi o primeiro estado participante do programa, que busca atender jovens fora das salas de aula e sem chance de aprenderem novas técnicas da computação. No início, 20 computadores foram instalados em rede e conectados à internet.

Cinco anos depois, é hora de comemorar os resultados. Assim, foi marcada para o próximo dia 27 de julho de 2009, uma grande festa. Será, como conta o presidente da MP3, Francisco Chagas do Nascimento Júnior, o congraçamento entre a cidade de Teresina e a Vila São Pedro. Será uma forma de mostrar o trabalho da comunidade, em conjunto com a Secretaria de Estado da Administração do Piauí, a Fundação Banco do Brasil e os empresários de Teresina.

Uma estação digital é composta por computadores conectados à internet, impressoras e periféricos. A proposta é atender jovens das comunidades parceiras, por meio da oferta de cursos básicos de informática, contribuindo, dessa maneira, para melhorar as condições econômicas, sociais, culturais e políticas das localidades, por meio do acesso às tecnologias de informação. O projeto é uma oportunidade de os jovens se prepararem para o mercado de trabalho e interagir com outras fontes de informação. “O Programa de Inclusão Digital da Fundação BB tem como proposta reduzir o índice de exclusão digital, promover a iniciação à informática, propiciar formação e qualificação para o trabalho, acesso aos serviços do governo eletrônico, além de fortalecer as ações das organizações da sociedade civil”, explica o presidente da Fundação Banco do Brasil, Jacques Pena.

Hoje, a Fundação Banco do Brasil tem 263 estações digitais em comunidades que não tinham acesso a essas tecnologias. O Programa de Inclusão Digital fornece, além da mobília básica, dez computadores e um servidor. Além disso, capacita educadores sociais e promove a sustentabilidade das estações implementadas.

Quando da inauguração da Estação Digital de Teresina, há cinco anos, um dos coordenadores do MP3, Mano C, falou no mesmo tom das músicas defendidas pelo movimento: ”Nossos irmãos merecem uma chance. Não pensem que na periferia só tem quem não quer nada. Na periferia, como em qualquer outro lugar, nossos irmãos querem oportunidade”.

Flávia Rodrigues Carvalho, da comunidade da Vila São Pedro, lembra-se bem daquela época: “o bairro era ocupado pelas gangues e os jovens não tinham ocupação”. Com a abertura da estação digital, eles aprenderam novas tecnologias, melhoraram a socialização e a criminalidade diminuiu.

Multiplicação - A estação digital abriu, no entanto, portas tão importantes quanto a inclusão digital, como a construção de quadra poliesportiva, o projeto de montagem de sacolas e caixas para empresas e lojas da região e a oferta de cursos de reforço escolar e língua estrangeira para os estudantes do bairro. Além da comunidade de São Pedro, a Estação Digital de Teresina também atende jovens moradores das Vilas Paraíso, Prainha e Asegão.

Inclusão e consciência

Disputa entre gangues impossibilitava intercâmbio entre moradores da Vila São Pedro

O presidente da ONG MP3, parceira da Fundação BB no projeto, Francisco Chagas do Nascimento Júnior, relembra o processo de construção da cidadania dos jovens da Vila São Pedro, a partir da estação digital. A vila é um antigo bairro de Teresina, localizado na região central da cidade. “Nunca teve uma quadra de esporte, um mercado e tampouco uma praça. Tudo era dividido. Quem morava em cima não descia. Quem ficava em baixo não subia, devido às guerras entre as gangues”, conta Júnior.

Com a abertura da estação digital, na parte baixa, a estratégia foi matricular o maior número possível de jovens da parte de cima e o professor contratado teria que residir na região baixa. Quando abriram a internet durante o período noturno, a pessoa responsável para tomar conta da unidade foi uma mulher da região alta. “Com isso, fomos misturando as pessoas. Juntas, elas perceberam que podiam fazer muito mais pelo bairro. Passaram, então, a trocar informações e acabaram fazendo grandes amizades. Aí, o bairro subiu e desceu”, diz Júnior.

Demandas - Depois, a comunidade exigiu e um cinema foi aberto, em parceria com o poder público. Aí, os jovens pediram uma quadra de esportes. Depois da quadra coberta, foi a vez da ampliação do horário e do preço pela hora de uso da estação digital. No início, a estação digital funcionava somente de segunda à sexta-feira, das 7h às 22h. A juventude exigiu mais espaço e hoje o horário de funcionamento é de domingo a domingo, das 7h às 22. “Só fecha na Sexta-Feira da Paixão”, comemora Júnior.

O valor da hora de uso dos computadores começou com R$ 0,25 e hoje está em R$ 0,75, de forma a permitir tanto o acesso aos moradores quanto o pagamento dos funcionários responsáveis pelo funcionamento da unidade, tornando-a sustentável. Assim, a comunidade, o poder público e a Fundação Banco do Brasil vão ajudando a formar os cidadãos da Vila São Pedro.

Desdobramentos - Em razão do sucesso da iniciativa, a Fundação BB vai desenvolver um projeto, no valor aproximado de R$ 80 mil, para revitalização do espaço. Além disso, estuda-se a abertura de ações de geração de trabalho e renda, como confecções e produção de cajuína.

A revitalização da estação digital prevê a aquisição de equipamentos de informática para compor uma sala destinada à realização de cursos profissionalizantes de nível médio e avançado visando à colocação dos alunos no mercado de trabalho. Para tanto, os computadores inseridos na proposta demandam configuração elevada, uma vez que serão utilizados em cursos profissionalizantes de ponta e que seus usuários deverão já possuir conhecimentos de uso de sistema operacional e de internet.

Exemplo de cursos previstos são: animação de vídeo, webdesigner, corel draw, photoshop, adobe premier, vegas, jogos para celulares desenvolvidos em java, 3Dmax e autocad. Os programas utilizados serão, obviamente, software de uso livre equivalentes aos citados.

Esses cursos demandam processadores poderosos e também memória elevada. Além disso, a vida útil desses computadores deve levar em consideração a atualização dos programas por um prazo de até cinco anos.

Após cinco anos de existência, a Estação Digital Teresina capacitou aproximadamente 6 mil pessoas, em sua maioria, jovens em situação de vulnerabilidade social. Ofertando cursos básicos em informática e acesso à internet, a “estação” consegue atrair o público priorizado pelas ações da Fundação Banco do Brasil.

Renovando a oferta de cursos, será possível atrair antigos alunos, que já concluíram o curso básico e buscam por uma continuidade em sua profissionalização. Além disso, novos alunos (aqueles que já possuem conhecimentos básicos) serão contemplados com a oferta de cursos avançados.

Portanto, a revitalização da “estação”, ampliará a capacidade de atendimento, não só quantitativamente, mas qualitativamente, ofertando novos cursos e capacitando profissionais em novos segmentos.

Além da ampliação e renovação da Estação Digital Teresina, a criação de um espaço multiuso proporcionará ao Movimento Pela Paz na Periferia (MP3) mais organização e agilidade no atendimento aos jovens do entorno de Teresina, bem como na articulação com parceiros, uma vez que o projeto proporcionará espaço adequado para realização de reuniões, apresentações e capacitações mais específicas para os empreendimentos que envolvem a entidade.

Saiba mais sobre o Projeto de Inclusão Digital da Fundação BB

Comemoração dos 5 anos do Programa Estação Digital no Brasil
Data: 27 de julho de 2009
Hora: 16h
Local: Avenida Valter Alencar, 762 - Teresina – Piauí

Fontes para entrevista

1. Marcos Fadanelli
Gerente da área de Educação da Fundação Banco do Brasil
61 3310.1909 / 61 9298.2596

2. Germana Macena
Técnica da área da Educação da FBB
61 3310.1961 / 61 8104.1885

3. Francisco Chagas do Nascimento Júnior
Presidente do MP3
86 8811.3113 / 86 9995.2048 / 86 3227.5553
embaixadordaperiferia@hotmail.com